terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Programação do Caminho Português do Interior

Algures durante o segundo semestre de 2006, ao final de um belo dia, estávamos nós na companhia de mais alguns comparsas de caminhadas, a beber umas “bejecas” num dos variadíssimos locais de culto de Nisa, quando o Castro, companheiro de longas caminhadas, nos propôs, entre dois goles do maravilhoso néctar loiro, a realização do seguinte desafio: a travessia de uma das rotas mais antigas do planeta Terra: O CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA, que há mais de 12 séculos tem sido percorrido a pé, de cavalo e, mais recentemente, de bicicleta, unindo, através desta rota, vários pontos da Europa rumo a um mesmo objectivo: a cidade galega de Santiago de Compostela.



O entusiasmo foi, na altura, geral e gizaram-se logo imensos planos e ideias, pelo que à partida e antes de mais demandas, ficaram estabelecidos 4 pressupostos:

1 - Qual o Caminho a percorrer, dado a existência de vários Caminhos;
2 - A data de inicio do Caminho;
3 - A metodologia para a realização do Caminho;
4 - Os caminheiros e a equipa de apoio.

1 – Foi do consenso geral que se iríamos sair de Nisa, obviamente que o objectivo seria trilhar o Caminho Português do Interior que nos levaria até à fronteira com Espanha a seguir a Chaves, mais precisamente em Vila Verde da Raia. Na Galiza seria só seguir a Via da Prata até Santiago de Compostela;

2 – Começaríamos o Caminho no dia 1 de Dezembro de 2006;

3 – A metodologia adoptada foi, em Portugal, percorrer o Caminho em etapas intervaladas no calendário e em Espanha realizar as etapas seguidas, aproveitando a fabulosa rede de albergues e as condições por eles proporcionadas. Em termos logísticos pensámos em percorrer as etapas em semi-autonomia, transportando na mochila o essencial, contando apenas com a colaboração de alguns amigos que, em viatura própria, nos foram prestando apoio na retaguarda; os pequenos-almoços e almoços seriam volantes e práticos com o objectivo serem facilmente transportáveis na mochila; tentaríamos, pelo menos, fazer uma refeição quente, de preferência ao jantar em restaurantes localizados no final de cada etapa; na altura desta programação, nem de longe nem de perto, sonhávamos que iríamos conseguir vencer o nosso desafio em 16 etapas! Mas conseguimo-lo!

4 – Como referi mais acima, o entusiasmo inicial acabou por se ir esfumando à mesma velocidade que o desafio se ia aproximando, pelo que quando se realizou a derradeira reunião de planeamento, no Monte Claro, apenas compareceram “moi-même”, o Pimpão e o Castro, os mesmíssimos que, na madrugada do dia 1 de Dezembro de 2006 por volta das 06h00, arrancaram a “penantes” da Praça da República em Nisa.



Só alguns km mais tarde, no dia 20 de Fevereiro de 2007, na etapa Teixoso – Cubo, se juntou a nós, para não mais nos deixar, o companheiro António Almeida Valente, disponibilizando a sua viatura e respectivo atrelado para apoio na retaguarda, conduzida pela incansável Ricardina, que tanto nos “aturou”, nos bons e nos maus momentos, durante as etapas do Caminho, principalmente nas etapas de Junho de 2007, com o calor já a fazer das suas, lá estava a Ricardina a abastecer-nos de água fresca, sempre com palavras de conforto, tratando de toda a logística, o que nos foi sempre mantendo o moral em alta, pelo que, para ela vão naturalmente as nossas mais sentidas palavras de apreço e agradecimento.




Aproveito esta deixa para agradecer, em nome de todos, aos amigos que nos ajudaram também a tornar realidade a nossa primeira aventura no Caminho de Santiago de Compostela: José Carlos Monteiro, Miguel Patrocínio, Pedro Ferrer, José Basso, Miguel Mota Pais e Anabela Mota Pais. Este agradecimento é também extensível à Junta de Freguesia de Cebolais de Cima e ao Centro de Dia do Retaxo. Uma nota também de agradecimento para o Castro por ter disponibilizado a sua viatura para apoio no inicio do Caminho, conduzido pela Ricardina.
Textos: Sérgio Cebola
mapas: http://ceg.fcsh.unl.pt/site/principal.asp

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