segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Chaves/Vilarelho da Raia, pelo Caminho Português do Interior









Decorreu no dia 19 de Novembro em Chaves uma caminhada com 13 km até Vilarelho da Raia, pelo Caminho Português do Interior. A organização esteve a cabo do Município flaviense e contou com a colaboração do Corpo Nacional de Escuteiros de Chaves e com a Associação Flaviense de Caminheiros. Lancei o desafio aos meus companheiros de jornada para marcarmos presença e responderam à chamada os companheiros António Ramos Amaro, António Moroso Fernandes e o Leonel Gomes, que comigo partilharam um fim de semana bastante aprazível. Chegámos bem cedo a Chaves, por volta das 11 da manhã, já depois de termos feito o check in num bungalow do Parque de Campismo da Quinta do Rebentão. Após uma primeira volta de reconhecimento pelo centro histórico da cidade, almoçámos muito bem a um preço bastante simpático no restaurante Kátia. A concentração da caminhada ocorreu às 13h45 na Praça de Camões (junto ao Museu da Região Flaviense) e teve inicio às 14h00. Participaram 120 caminheiros, grande parte dos quais pertencentes ao Corpo de Escuteiros. Do percurso em sim registo com agrado a boa sinalização que me parece ser muito recente, a igreja românica de Nossa Senhora da Azinheira, a igreja paroquial de Outeiro Seco, a belíssima água das fontes desta freguesia e alguns cruzeiros que testemunham a passagem do Caminho de Santiago. Pena foi os 13 km deste troço do Caminho ocorrerem todos em alcatrão. Gostei da parte mais rural do percurso, nomeadamente, a partir de Vila Meã da Raia. Por volta das 17h00, já com algum lusco-fusco e com a chuva a começar a dar um ar da sua graça, chegámos a Vilarelho da Raia, paredes meias com "nuestros hermanos", como de resto comprovavam os telemóveis que só já captavam rede espanhola. Segundo nos confidenciou um companheiro de jornada natural daquela região, existem terrenos em Vilarelho da Raia de proprietários portugueses, que metade está em Portugal e a outra metade do outro lado da fronteira. Chegados à chamada "3ª parte" da contenda, fomos agraciados com um lanche ajantarado onde não faltaram as iguarias da região! E deu para ver que a organização não regateou esforços para que ninguém ficasse com fome! O regresso a Chaves foi feito de autocarro, onde chegámos pouco depois das 18h30 e debaixo de alguma chuva lá fomos deixar as coisas ao carro que se encontrava estacionado do outro lado da ponte sobre o rio Tâmega. Como o apetite já não era suficiente para a exigente posta mirandesa (como de inicio estava previsto), terminámos a jornada na Adega do Faustino degustando vinhos e petiscos da região. Uma casa bastante recomendável, com funcionários muito prestáveis e um gerente excelente anfitrião! Voltando ao que nos trouxe a Chaves, deu para "matar" saudades do Caminho de Santiago, para mim foi o reviver e revisitar a anterior e saudosa passagem em Outubro de 2007, aquando da realização do Caminho Português do Interior desde Nisa, para o companheiro António Ramos espero que tenha sido um bom prenuncio para o Caminho Primitivo que se aproxima a pouco e pouco e para os outros meus companheiros penso que foi também o reviver de outras tantas travessias! Em Chaves o Caminho de Santiago atravessa cerca de 40 km do concelho flaviense (no sentido sul-norte, as freguesias de Oura, Vidago, Vilela do Tâmega, S. pedro de Agostém, Samaiões, Madalena, Santa Maria Maior, Santa Cruz, Outeiro Seco e Vilarelho da Raia). Por fim, quero registar com muito agrado o facto dos municípios do interior do país, onde ocorre a passagem do Caminho de Santiago (e onde se inclui o de Nisa), começarem (finalmente) a querer devolver ao Caminho Português do Interior a dignidade de outros tempos e que esta rota bem merece!

Fotos: António Moroso, Jorge Leite e Sérgio Cebola