sexta-feira, 13 de maio de 2011

Um tributo aos Amigos do Caminho Português!

Manuel & Daniel ("velhos" amigos do Caminho Francês, 2010)

Jacinto & Fernanda & Mariana (a arte de bem receber!)

Joanne (Dinamarca)

Teresa (hospitaleira do albergue de Tui)

Mila & amigas (Espanha, Caminho de Finisterra, 2010)

O simpático grupo de estudantes do norte de Portugal

António e esposa (Portugal)

Mamiko (Japão)

A Jenny e o Mathias (Alemanha)

Federica (Itália)

Fotos: Alexandre Bittar, António Delfino, António Pimpão, Leonel Gomes e Rosalino Castro

terça-feira, 10 de maio de 2011

Para o meu amigo Alexandre, para os meus companheiros de jornada, para todos os amigos do Caminho que tantas emoções me proporcionaram!

Dia 21 de Abril: O regresso a Nisa e...ao Brasil!



A última noite em Santiago foi um tanto ou quanto agitada, tive um sono bastante intermitente devido à proximidade de um bar muito concorrido que ficava mesmo defronte do nosso quarto. Só a partir das 05h30 da manhã é que os ânimos pareceram querer serenar! Não sei se teriam sido efeitos da vitória do Real Madrid sobre o Barcelona na final da Taça do Rei! A alvorada geral ocorreu às 08h00 da manhã e embora o Alexandre pudesse ficar mais tempo a dormir, pois o seu voo de regresso ao Brasil era apenas às 15h30, mas ainda assim quis acompanhar-nos até à nossa partida para o Porto. Tomámos banho, arrumámos as mochilas, entretanto o Alexandre já tinha comprado sumo de laranja e iogurtes numa mercearia na mesma rua onde estávamos hospedados, o que, juntamente com uma tarte galega que tinha sido oferecida ao nosso amigo na compra de outro artigo, constituiu um bom "desayuno". No fundo a nossa última refeição juntos em Santiago! Como o autocarro só partia às 10h30 da manhã, ainda nos restava algum tempo! No quarto ao nosso lado estavam 2 jovens peregrinas argentinas que chegaram na véspera e noutro quarto junto à casa de banho estava um casal de que não me lembro a nacionalidade. Às 09h15 pusemos as mochilas às costas e lá fomos arrepiando caminho até ao terminal rodoviário. Foram cerca de 10 minutos a pé, perto e bom caminho! O Alexandre disse-nos que na volta para o quarto teria que comprar um cinto para as suas calças, reflexo de algum peso que tinha perdido, todos tínhamos perdido peso! Tirámos a derradeira foto juntos e despedi-mo-nos com a inevitável emoção de quem muito tinha partilhado em vários dias de intensa vivência e aventura! A pouco e pouco lá fomos vendo o Alexandre desaparecer! Às 10h00 descemos até à plataforma de embarque para o autocarro, fizemos o check-in enquanto o motorista nos ía dizendo que iriam 2 autocarros para o Porto nessa manhã, tal era a quantidade de espanhóis que iriam passar a Páscoa à cidade invicta! No nosso autocarro seguia também um numeroso grupo de escoteiros, com quem já havíamos falado no dia anterior. Às 10h30 deixávamos para trás Santiago de Compostela e 11 dias de travessia no Caminho Português e no Caminho de Finisterra! A viagem foi praticamente directa, salvo uma breve paragem em Braga para deixar passageiros. Já no Porto, próximo da paragem final na Praça da Galiza, o motorista do autocarro que já por diversas vezes havia desafiado o perigo, "entalou" uma senhora que seguia de carro, mesmo junto a um semáforo. Ali se perdeu quase meia hora até preencherem os papeis do seguro. Cheguei a recear que perdêssemos o primeiro comboio, pois pensei que o horário fosse às 13h52, mas felizmente era só às 14h52. Pouco depois das 12h30 lá nos apeámos finalmente na Praça da Galiza onde minutos depois apanhámos um autocarro até à estação de comboios da Campanhã. O funcionário da bilheteira apenas nos aconselhou a tirar bilhete até ao Entroncamento, em virtude de uma greve nos comboios que se encontrava a decorrer. Lá depois veríamos o que nos calharia em sorte! Almoçámos num café que eu já conhecia de 2010, ficava em frente à estação, um dos funcionários curiosamente também me reconheceu, boa memória visual! Comemos bifanas, caldo verde e bebemos finos, tudo bem rematado com um bom café como há algum tempo não saboreávamos. Chegámos às 17h00 ao Entroncamento e felizmente conseguimos ligação para Ródão às 17h30, a greve tinha sido desconvocada! Ainda tivemos tempo para uma cerveja no bar da estação! Às 19h45 chegávamos à estação de Ródão, onde já nos aguardava o Nelson, irmão do Leonel para nos dar boleia nos 16 km que restavam até Nisa! Às 20h00 lá chegámos, 13 dias depois, com muitas histórias na bagagem para contar e o importante é que, como diz o Roberto Carlos na sua canção, tantas vezes cantada pelo Alexandre, (muitas) emoções nós vivemos!


Foto: Leonel Gomes

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia 20 de Abril: De regresso a Santiago!









O despertador tocou madrugador às 07h00 da manhã! O autocarro para Santiago partia às 08h20! O Alexandre levantou-se algo mal tratado, fruto da noite animada em que se comemorou o culminar de 11 dias no Caminho de Santiago! Por volta das 08h00 descemos do Hotel em direcção à paragem do autocarro. O Alexandre e o Leonel foram até um café tomar algo, o Alex estava necessitado de água com gás e limão! Uma agradável surpresa logo pela manhã, apareceram os nossos amigos Jenny e Mathias para se despedirem de nós, um gesto muito bonito da parte deles. No dia seguinte regressariam também a Santiago! A nossa viagem de regresso teve inúmeras paragens e foi na prática um périplo pela "Costa da Morte". Pouco depois das 10h30 da manhã chegávamos ao terminal rodoviário de Santiago de Compostela. Comprei os bilhetes de regresso ao Porto para o dia seguinte, que o Rosalino já tinha reservado em meu nome. Mesmo antes de irmos reservar quarto, demos um salto à Catedral para o inevitável abraço ao Apostolo! Como não encontrámos as senhoras onde havíamos ficado em 2010, fomos procurar pensão perto do hotel Altair, onde o Alexandre tinha ficado dias antes com a Rosangela, para depois poder trazer as suas malas de volta que tinham ficado nessa unidade hoteleira. Conseguimos um quarto muito bem localizado nas Casas Reales (por 15 euros por noite), propriedade de Elena García, perto da Catedral, a meio caminho do terminal rodoviário e muito perto também do hotel onde o Alexandre tinha as suas malas. Almoçámos ali perto num pequeno restaurante com comida caseira, sopa de feijão com carne e bacalhau de molho com batatas. Logo após o repasto ajudamos o Alexandre a trazer as suas malas do hotel Altair até ao nosso quarto. Começaram a cair alguns pingos de chuva. Ficámos um pouco no quarto a descansar, até porque começou a chover com mais intensidade. Mais à tarde e ainda com alguma chuva pelo meio, lá fomos dar o nosso passeio turístico pela zona antiga da cidade para comprar os "regalos" para a família! O Alexandre e o Leonel compraram guarda-chuvas numa loja de chineses. O Alexandre telefonou para a família e após termos feito as compras, fomos até um bar beber "canhas" fazendo tempo até às 20h00, para irmos partilhar o nosso último menu do peregrino juntos, no Manolo, casa que nos sugeriu a Elena! Depois do jantar demos o nosso derradeiro passeio nocturno pela Praça do Obradoiro, agora bem mais sossegada, um último olhar à Catedral! Terminámos a noite no bar Guiness, assistindo ao jogo de futebol (final da Taça do Rei) entre o Real Madrid e o Barcelona! Mais tarde ficámos a saber que os nossos companheiros (que por esta altura já estavam em Nisa...) tinham também ficado no mesmo quarto que nós! De facto há coincidências incríveis!

Fotos: Leonel Gomes

domingo, 8 de maio de 2011

Diário do Caminho de Finisterra: 3º dia, 19 de Abril, Olveiroa/Finisterra (32,3 km)














Em toda esta travessia foi o dia que iniciámos mais cedo, eram 06h25 da manhã pelo que utilizámos os frontais e lanternas durante 1 hora. No enlace do Caminho Finisterra-Múxia tirámos algumas fotos com a ajuda do sistema automáticos das máquinas e também com a ajuda da mochila do Alexandre. Foi talvez das etapas mais bonitas em termos de trilhos de bosque, muito em especial os 5 km entre o Santuário de Nossa Senhora das Neves e Cee (Camiños Chans). No inicio da descida para Cee, onde habitualmente se vislumbram as primeiras paisagens de mar e da costa, não vimos quase "népia", o nevoeiro e a imensa nebulosidade não permitiam grandes contemplações. Foi também por aqui que a chuva começou a dar um ar da sua graça, já antes tinha caído um pingo ou outro, mas foi a partir daqui que começou a engrossar. Encostámos junto a uns arbustos para colocar os casacos impermeáveis e as capas nas mochilas. Parámos num dos primeiros bares de Cee para "desayunar". Quando retomámos o Caminho a chuva começou aumentar de intensidade, principalmente, a partir de Corcubión. Optámos (ainda em Cee) por seguir o Caminho Medieval (o original...). Logo a seguir a Corcubión, auxiliámos uma peregrina alemã, a Jenny, a colocar o poncho da chuva. Caminhava na companhia de um amigo alemão que era jornalista, o Mathias. Mais tarde ficámos a saber que ela morava e trabalhava em Maiorca, era desenhadora de jóias, por isso falava castelhano com algum à vontade, o que para nós também foi uma grande vantagem. A cerca de 7 km de Finisterra (Em Sardiñero, presumo...), tivemos que nos abrigar num alpendre de uma casa para vestir também as calças da água, tal era a intensidade da chuva. Contámos com a simpatia do proprietário da casa que nos deixou à vontade para nos ataviarmos em virtude da tormenta. Em 11 dias de caminhada, foi precisamente nos últimos 11 km que a chuva fez mossa, até já tínhamos comentado em jeito de piada que a travessia estava a chegar ao fim e não usávamos o fato da água, mas S.Pedro fez-nos a vontade! Às 14h00 chegámos a Finisterra, após passagem pelas primeiras praias deste idílico local. Era o sentido do dever cumprido, após 11 dias de travessia desde o Porto! Ficámos no Hotel Âncora (onde já havíamos sido bem recebidos em 2010...), 13 euros por noite para peregrinos, mas também tinham albergue por 9 euros por noite, mas o nosso feito merecia Hotel! Após nos registarmos e tomarmos um duche quente e termos colocado tudo a enxugar, almoçamos no Âncora um dos melhores menus do peregrino: caldo galego, "ensalada" mista, fritada mista de peixe e um fantástico vinho branco muito fresco! O Leonel teve a gentileza de pagar o repasto! Um pouco antes do almoço já nos tínhamos dirigido ao albergue de Finisterra para carimbar a credencial e levantar a Finisterrana. Fomos também saber o horário dos autocarros para Santiago, o primeiro partia às 08h20 da manhã, boa hora! Foi também no Âncora que finalmente consegui utilizar serviço de internet com alguma boa relação preço/qualidade (2 euros/hora), lá consegui finalmente colocar uma postagem em tempo real no blogue! De tarde fui com o Alexandre até um bar com esplanada virada para o mar e para a marginal de Finisterra, aí desfrutámos de 2 "canhas" cada um com uma conversa muito interessante pelo meio sobre as nossas motivações para o Caminho! A Jenny, que voltámos a encontrar no albergue de Finisterra, combinou jantar connosco às 20h00 no Âncora, juntamente com o Mathias. Infelizmente as condições atmosféricas não permitiram deslocação até ao farol de Finisterra, ficaria para outra oportunidade! Cerca das 20h00 chegaram os nossos amigos peregrinos e bebemos um copo juntos ao balcão do restaurante do Âncora, brindámos à amizade, ao Caminho! Lembro-me que o nosso já "velho" conhecido Manuel (um dois funcionários do Âncora...) também era entendido em pedras preciosas, nada mais a propósito, pois era na altura o nosso tema de conversa, quer pelas pedras que o Alexandre nos tinha oferecido, quer também pela Jenny ser desenhadora de jóias, pelo que tivemos uma aula gratuita sobre a matéria! A conversa estava agradável e prolongou-se, mas era tempo de irmos até à sala de jantar para desfrutar do repasto que iria comemorar 11 dias na rota Jacobeia! O Manuel sugeriu (e muito bem...) para a entrada pulpo (polvo), camarão frito e navalhas, tudo muito bem regado a rigor com alvarinho gelado e uma garrafa de reserva tinto que o Mathias preferiu. Para segundo prato foi-nos servida uma generosa "paella" de marisco! Após o repasto entrámos um pouco pela noite de Finisterra, a nossa missão terminara era tempo de comemorar! Fizemos um périplo pelos 2 bares mais concorridos pelos peregrinos, bebemos, festejámos, convivemos com os nossos amigos, merecíamos este prémio! Pouco depois da 1 da manhã despedi-me da Jenny e do Mathias e fui até ao Hotel. O Leonel e o Alexandre chegaram um pouco mais tarde. O dia seguinte seria para turismo em Santiago e para comprar "regalos" para a família e amigos!

Fotos: Alexandre Bittar e Leonel Gomes