terça-feira, 10 de maio de 2011

Dia 21 de Abril: O regresso a Nisa e...ao Brasil!



A última noite em Santiago foi um tanto ou quanto agitada, tive um sono bastante intermitente devido à proximidade de um bar muito concorrido que ficava mesmo defronte do nosso quarto. Só a partir das 05h30 da manhã é que os ânimos pareceram querer serenar! Não sei se teriam sido efeitos da vitória do Real Madrid sobre o Barcelona na final da Taça do Rei! A alvorada geral ocorreu às 08h00 da manhã e embora o Alexandre pudesse ficar mais tempo a dormir, pois o seu voo de regresso ao Brasil era apenas às 15h30, mas ainda assim quis acompanhar-nos até à nossa partida para o Porto. Tomámos banho, arrumámos as mochilas, entretanto o Alexandre já tinha comprado sumo de laranja e iogurtes numa mercearia na mesma rua onde estávamos hospedados, o que, juntamente com uma tarte galega que tinha sido oferecida ao nosso amigo na compra de outro artigo, constituiu um bom "desayuno". No fundo a nossa última refeição juntos em Santiago! Como o autocarro só partia às 10h30 da manhã, ainda nos restava algum tempo! No quarto ao nosso lado estavam 2 jovens peregrinas argentinas que chegaram na véspera e noutro quarto junto à casa de banho estava um casal de que não me lembro a nacionalidade. Às 09h15 pusemos as mochilas às costas e lá fomos arrepiando caminho até ao terminal rodoviário. Foram cerca de 10 minutos a pé, perto e bom caminho! O Alexandre disse-nos que na volta para o quarto teria que comprar um cinto para as suas calças, reflexo de algum peso que tinha perdido, todos tínhamos perdido peso! Tirámos a derradeira foto juntos e despedi-mo-nos com a inevitável emoção de quem muito tinha partilhado em vários dias de intensa vivência e aventura! A pouco e pouco lá fomos vendo o Alexandre desaparecer! Às 10h00 descemos até à plataforma de embarque para o autocarro, fizemos o check-in enquanto o motorista nos ía dizendo que iriam 2 autocarros para o Porto nessa manhã, tal era a quantidade de espanhóis que iriam passar a Páscoa à cidade invicta! No nosso autocarro seguia também um numeroso grupo de escoteiros, com quem já havíamos falado no dia anterior. Às 10h30 deixávamos para trás Santiago de Compostela e 11 dias de travessia no Caminho Português e no Caminho de Finisterra! A viagem foi praticamente directa, salvo uma breve paragem em Braga para deixar passageiros. Já no Porto, próximo da paragem final na Praça da Galiza, o motorista do autocarro que já por diversas vezes havia desafiado o perigo, "entalou" uma senhora que seguia de carro, mesmo junto a um semáforo. Ali se perdeu quase meia hora até preencherem os papeis do seguro. Cheguei a recear que perdêssemos o primeiro comboio, pois pensei que o horário fosse às 13h52, mas felizmente era só às 14h52. Pouco depois das 12h30 lá nos apeámos finalmente na Praça da Galiza onde minutos depois apanhámos um autocarro até à estação de comboios da Campanhã. O funcionário da bilheteira apenas nos aconselhou a tirar bilhete até ao Entroncamento, em virtude de uma greve nos comboios que se encontrava a decorrer. Lá depois veríamos o que nos calharia em sorte! Almoçámos num café que eu já conhecia de 2010, ficava em frente à estação, um dos funcionários curiosamente também me reconheceu, boa memória visual! Comemos bifanas, caldo verde e bebemos finos, tudo bem rematado com um bom café como há algum tempo não saboreávamos. Chegámos às 17h00 ao Entroncamento e felizmente conseguimos ligação para Ródão às 17h30, a greve tinha sido desconvocada! Ainda tivemos tempo para uma cerveja no bar da estação! Às 19h45 chegávamos à estação de Ródão, onde já nos aguardava o Nelson, irmão do Leonel para nos dar boleia nos 16 km que restavam até Nisa! Às 20h00 lá chegámos, 13 dias depois, com muitas histórias na bagagem para contar e o importante é que, como diz o Roberto Carlos na sua canção, tantas vezes cantada pelo Alexandre, (muitas) emoções nós vivemos!


Foto: Leonel Gomes

1 comentário:

  1. Sergião e amigos,

    Já associo aquela estação rodoviária a despedida e saudades. Saudades de um caminho que ficará apenas nas recordações, pois como sabemos, há um dito do caminho que cada um é diferente do outro! Por outro lado, pudemos ver que o reencontro é possível, seja em terras lusas, brasileiras ou em algum outro caminho. Obrigado a todos e a tudo! Obrigado Santiago! Certamente teremos outras oportunidades...quando, com quem e onde, fica a critério do destino.
    Beijos e abraços.
    Alexandre

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