quarta-feira, 14 de março de 2012

A 1 mês do Caminho Primitivo, com a mochila pronta!





De precisamente hoje a 1 mês, lá para o final da manhã, estaremos a sair da Catedral de S. Salvador em Oviedo até Grado para dar cumprimento à 1ª etapa do Caminho Primitivo! A mochila está pronta (estará sempre…) e até já fiz o meu primeiro treino com ela, há 4 dias atrás! Senti-me francamente bem, pese embora, ainda poderem ocorrer alguns ajustes de última hora, mais para retirar do que para acrescentar, pois a dita encontra-se a “queimar” os 8 kg, o peso limite aconselhável para a minha pessoa! Noticias têm surgido que apontam previsões de alguma chuva para Abril, ou não fosse “Abril de águas mil!”, situação nada surpreendente se atentarmos para o Inverno anormal que se fez sentir! Portanto para aqueles companheiros que ainda possam ter algumas dúvidas em relação à protecção para a chuva, acho que as mesmas estão dissipadas, recomendando-se, contudo, o bom senso na escolha de todo o material, optando pelo estritamente necessário e em caso de equipamentos iguais, optar sempre pelo mais leve. Relativamente à programação das etapas, ficámos com a sensação, logo de inicio, que havia alguma discrepância em termos de distância entre localidades, através dos vários sítios consultados na internet, nomeadamente, sítios da especialidade, facto que ainda não nos permitiu aferir com rigor as distâncias a percorrer, situação que, em última análise, poderá obrigar a uma reformulação das etapas, indo um pouco ao encontro, daquilo que fomos alvitrando e deixando em aberto, que a programação poderia ter 11 ou 12 dias! Vamos aguardar a confirmação correcta dos kms e após conferenciarmos entre todos, estou certo que optaremos por uma solução de bom senso, como aliás tem sido apanágio do nosso grupo.

Indo, agora, ao encontro de algumas dúvidas que me têm sido colocadas por companheiros de jornada, aqui deixo mais duas ou três indicações úteis para a peregrinação que têm, no essencial, a ver com cuidados de saúde e o equipamento a levar:

Cuidados de Saúde

Quando se está disposto a levar uma caminhada até ao fim, o corpo, mesmo ressentido, vai corresponder. Mas convém não exagerar e ter alguns cuidados com a saúde, evitando males maiores que, agravados, poderão provocar graves consequências. Inevitavelmente, a dureza do Caminho irá reflectir-se primeiro nos pés, em consequência de não se estar habituado a caminhar ou de se utilizar calçado pouco adequado. As bolhas poderão surgir e deverão ser tratadas atravessando-as com uma linha fina de algodão branco, perfurando-as em dois pontos com uma agulha fina e comprida, constituindo um anel que servirá de dreno. É conveniente desinfectá-las com betadine, mas nunca remover a pele que as cobre e protegê-las com um penso. Para evitar o aparecimento de bolhas, é vivamente aconselhado a utilização de calçado adequado e já habituado ao pé, com dois pares de meias, um interior de algodão e sem costuras e outro exterior mais grosso. Ajuda também, antes da jornada, esfregar os pés com um pouco de vaselina. As distensões musculares e as cãibras aliviam-se com massagens e um duche de água quente no final de cada jornada, antes de o corpo arrefecer. Fazer uns alongamentos no final de cada etapa provoca o estiramento muscular, coadjuvado com uma boa pausa de descanso, com as pernas estendidas e elevadas em relação ao corpo, para estimular a circulação. Estes procedimentos para além de restabelecer o corpo em termos físicos, evitam o aparecimento de tendinites, sempre dolorosas e quantas vezes impeditivas de continuar a caminhada. Mas se tal suceder, é aconselhável o recurso a um analgésico anti-inflamatório. Em caso de entorse é conveniente colocar uma ligadura e redobrar as cautelas. Para evitar a desidratação é sempre bom beber água com regularidade, pouco de cada vez mas muitas vezes durante a jornada. Para quem seja propenso a quedas de tensão aconselha-se a comer rebuçados ou frutos secos. Não esquecer o protector solar e um repelente de insectos. Quem toma medicação habitual, convém não esquecer-se dela em casa. Finalmente, não esquecer ainda o Cartão Europeu de Saúde.

Equipamento

Como são raras as mochilas impermeáveis (pelo menos não conheço nenhuma…), aconselha-se o uso de capa para a chuva (algumas mochilas já a trazem incorporada), e toda a carga deve ser acondicionada em sacos de plástico com fecho zippo (à venda em qualquer supermercado), para além de evitar surpresas desagradáveis com a chuva, é mais fácil arrumar e encontrar as coisas. A mochila não deve ter varas, deve ser reforçada nas costuras e almofadada nas costas, com um sistema de sujeição adaptável ao tipo de marcha e com uma capacidade situada entre os 45 e os 55 litros, em que o seu peso, cheia não exceda os 10% do peso corporal. Não há mochila leve que não se torne pesada ao fim de alguns kilómetros, nem tão completa que não se verifique alguma falta. Há que ter bom senso! Para além do saco-cama que deverá ser leve e cómodo, deverá incluir-se uma colchonete (esteira), não vá dar-se o caso de ter que se dormir em piso duro. Quanto ao vestuário, deverá escolher-se roupa de lavagem e secagem rápida, 2 pares de calças, 1 par de calções, 2 t-shirts, 1 sweat-shirt (manga comprida), 1 forro polar, 1 casaco corta-vento, várias mudas de meias sem fibras e sem costuras, roupa interior e 1 impermeável. Mas é aconselhável racionalizar a escolha da roupa, que é sempre um dos principais factores de peso na mochila. Quanto ao calçado, um par de botas de trekking, com membrana gore-tex (ou equivalente), um número acima do que, habitualmente, se calça, cómodas e bem usadas (não estrear calçado na caminhada) e uns chinelos para descanso dos pés no final de cada jornada. Incluir artigos de higiene pessoal, um chapéu ou gorro, cantil ou garrafa de água (de plástico, são as mais leves e funcionais), um bastão, mais do que um elemento decorativo, é um objecto imprescindível para manter o ritmo da marcha, apoiar o corpo, facilitar a circulação nas mãos e braços, para além de ser sempre muito útil para afastar os amigos do alheio e cães vadios! Para quem se queira identificar publicamente como peregrino deverá levar a vieira, para além de um telemóvel com roaming, o respectivo carregador, máquina fotográfica, lanterna ou frontal, mapa ou guia do Caminho, um bloco-notas e uma caneta. Convém não esquecer também o BI, a Credencial do Peregrino e um cartão de débito/crédito e alguns euros.

Recurso Internet: http://www.caminhoportuguesdesantiago.com