domingo, 8 de maio de 2011

Diário do Caminho de Finisterra: 3º dia, 19 de Abril, Olveiroa/Finisterra (32,3 km)














Em toda esta travessia foi o dia que iniciámos mais cedo, eram 06h25 da manhã pelo que utilizámos os frontais e lanternas durante 1 hora. No enlace do Caminho Finisterra-Múxia tirámos algumas fotos com a ajuda do sistema automáticos das máquinas e também com a ajuda da mochila do Alexandre. Foi talvez das etapas mais bonitas em termos de trilhos de bosque, muito em especial os 5 km entre o Santuário de Nossa Senhora das Neves e Cee (Camiños Chans). No inicio da descida para Cee, onde habitualmente se vislumbram as primeiras paisagens de mar e da costa, não vimos quase "népia", o nevoeiro e a imensa nebulosidade não permitiam grandes contemplações. Foi também por aqui que a chuva começou a dar um ar da sua graça, já antes tinha caído um pingo ou outro, mas foi a partir daqui que começou a engrossar. Encostámos junto a uns arbustos para colocar os casacos impermeáveis e as capas nas mochilas. Parámos num dos primeiros bares de Cee para "desayunar". Quando retomámos o Caminho a chuva começou aumentar de intensidade, principalmente, a partir de Corcubión. Optámos (ainda em Cee) por seguir o Caminho Medieval (o original...). Logo a seguir a Corcubión, auxiliámos uma peregrina alemã, a Jenny, a colocar o poncho da chuva. Caminhava na companhia de um amigo alemão que era jornalista, o Mathias. Mais tarde ficámos a saber que ela morava e trabalhava em Maiorca, era desenhadora de jóias, por isso falava castelhano com algum à vontade, o que para nós também foi uma grande vantagem. A cerca de 7 km de Finisterra (Em Sardiñero, presumo...), tivemos que nos abrigar num alpendre de uma casa para vestir também as calças da água, tal era a intensidade da chuva. Contámos com a simpatia do proprietário da casa que nos deixou à vontade para nos ataviarmos em virtude da tormenta. Em 11 dias de caminhada, foi precisamente nos últimos 11 km que a chuva fez mossa, até já tínhamos comentado em jeito de piada que a travessia estava a chegar ao fim e não usávamos o fato da água, mas S.Pedro fez-nos a vontade! Às 14h00 chegámos a Finisterra, após passagem pelas primeiras praias deste idílico local. Era o sentido do dever cumprido, após 11 dias de travessia desde o Porto! Ficámos no Hotel Âncora (onde já havíamos sido bem recebidos em 2010...), 13 euros por noite para peregrinos, mas também tinham albergue por 9 euros por noite, mas o nosso feito merecia Hotel! Após nos registarmos e tomarmos um duche quente e termos colocado tudo a enxugar, almoçamos no Âncora um dos melhores menus do peregrino: caldo galego, "ensalada" mista, fritada mista de peixe e um fantástico vinho branco muito fresco! O Leonel teve a gentileza de pagar o repasto! Um pouco antes do almoço já nos tínhamos dirigido ao albergue de Finisterra para carimbar a credencial e levantar a Finisterrana. Fomos também saber o horário dos autocarros para Santiago, o primeiro partia às 08h20 da manhã, boa hora! Foi também no Âncora que finalmente consegui utilizar serviço de internet com alguma boa relação preço/qualidade (2 euros/hora), lá consegui finalmente colocar uma postagem em tempo real no blogue! De tarde fui com o Alexandre até um bar com esplanada virada para o mar e para a marginal de Finisterra, aí desfrutámos de 2 "canhas" cada um com uma conversa muito interessante pelo meio sobre as nossas motivações para o Caminho! A Jenny, que voltámos a encontrar no albergue de Finisterra, combinou jantar connosco às 20h00 no Âncora, juntamente com o Mathias. Infelizmente as condições atmosféricas não permitiram deslocação até ao farol de Finisterra, ficaria para outra oportunidade! Cerca das 20h00 chegaram os nossos amigos peregrinos e bebemos um copo juntos ao balcão do restaurante do Âncora, brindámos à amizade, ao Caminho! Lembro-me que o nosso já "velho" conhecido Manuel (um dois funcionários do Âncora...) também era entendido em pedras preciosas, nada mais a propósito, pois era na altura o nosso tema de conversa, quer pelas pedras que o Alexandre nos tinha oferecido, quer também pela Jenny ser desenhadora de jóias, pelo que tivemos uma aula gratuita sobre a matéria! A conversa estava agradável e prolongou-se, mas era tempo de irmos até à sala de jantar para desfrutar do repasto que iria comemorar 11 dias na rota Jacobeia! O Manuel sugeriu (e muito bem...) para a entrada pulpo (polvo), camarão frito e navalhas, tudo muito bem regado a rigor com alvarinho gelado e uma garrafa de reserva tinto que o Mathias preferiu. Para segundo prato foi-nos servida uma generosa "paella" de marisco! Após o repasto entrámos um pouco pela noite de Finisterra, a nossa missão terminara era tempo de comemorar! Fizemos um périplo pelos 2 bares mais concorridos pelos peregrinos, bebemos, festejámos, convivemos com os nossos amigos, merecíamos este prémio! Pouco depois da 1 da manhã despedi-me da Jenny e do Mathias e fui até ao Hotel. O Leonel e o Alexandre chegaram um pouco mais tarde. O dia seguinte seria para turismo em Santiago e para comprar "regalos" para a família e amigos!

Fotos: Alexandre Bittar e Leonel Gomes

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