sábado, 7 de maio de 2011

Diário do Caminho de Finisterra: 2º dia, 18 de Abril, Negreira/Olveiroa (34 km)












Como era nosso apanágio levanta-mo-nos bastante cedo (05h45 da manhã) e depois de ataviarmos as mochilas fomos até à recepção do albergue para tomarmos a primeira refeição do dia. A pé estavam também 1 francês e 1 francesa, irmãos que se preparavam também para mais numa jornada no Caminho de Finisterra. Às 06h30 da manhã em ponto deixámos o albergue Lua em Negreira e retomámos o Caminho, desta feita até Olveiroa. Atravessámos Negreira e mesmo à saída da localidade passámos pelo albergue municipal onde havíamos passado uma noite em 2010 neste mesmo Caminho. Passámos inclusive junto ao marco do Caminho onde o Pimpão achou os óculos do Pepe, episódio já aqui narrado aquando do Diário do Caminho Francês. Caminhamos algum tempo no escuro, escuridão essa que se acentuou nalguns troços do Caminho mais fechados devido à vegetação circundante, nomeadamente, as copas das árvores. Tivemos que sacar da iluminação artificial uma vez mais para não perdermos a marcação do Caminho. Foi também a etapa mais rápida de toda esta travessia, o gps de pulso do Alexandre chegou a registar uma velocidade média entre 4,9/5 km por hora. A meio da manhã parámos num bar à beira da estrada para comer algo e repousar um pouco, lembro-me que tinha um aviso na parede que era proibido tirar as botas lá dentro, sinal que paravam por ali muitos peregrinos. O Caminho tinha um desvio antes de chegar a Lago, com uma vista muito bonita sobre a lagoa que dava nome a esta povoação. Passámos por muitos grupos de peregrinos, estávamos na semana da Páscoa, facto que por certo justificava esta maior afluência de pessoas. Arrepiámos caminho, pois o albergue de Olveiroa era muito pequeno e quanto mais cedo chegássemos melhor. Às 13h55 chegámos ao albergue de Olveiroa, onde, apesar de ainda não estar o hospitaleiro, havia indicações para nos instalarmos à medida que íamos chegando e o registo seria feito entre as 17h30 e as 18h00, horário em que o hospitaleiro estaria presente. Assim fizemos, fomos os primeiros a chegar e em boa hora o fizemos, pois o albergue acabaria por encher, acabando alguns peregrinos por dormir em colchões no chão. Tomámos banho, lavámos roupa e fomos até ao restaurante "As Pias" onde comemos a ementa do peregrino mais cara até ao momento (12 euros): caldo galego, merluza e iogurte. Travámos conhecimento com uma peregrina colombiana, a Marina, que era cozinheira em Madrid, chegou pouco de pois de nós, estava a fazer o Caminho Português Central desde Lisboa e contou-nos alguns episódios da sua peregrinação. Fizemos ainda uma pequena sesta, o Alexandre fez o favor de carimbar a credencial e fazer o registo por mim, pois nessa altura eu ainda estava a repousar. Voltámos a encontrar o Fernando que chegou um pouco mais tarde. Antes do jantar demos um passeio por Olveiroa, um "pueblo" muito pequeno e muito pacato, passámos pela igreja de Santiago onde tirámos algumas fotos. Voltámos ao restaurante "As Pias" para fazermos um jantar muito leve: caldo galego e macedónia de frutas, o Leonel comeu massa com molho de tomate. Com o albergue lotado e com o café que lhe ficava paredes meias fechado, este restaurante acabou por receber imensa gente quer para comer, quer para dormir, pois também dispunha de quartos. Ficámos também a saber que por aqui estão a construir um novo albergue que muita falta faz! O Alexandre comprou os "desayunos" para a manhã seguinte. Recolhi a roupa que entretanto já secara e pelas 22h00 recolhemos ao albergue. Estava a rebentar pelas costuras. mochilas e colchões espalhados por tudo quanto era canto, ao meu lado direito estavam 2 peregrinas a dormir no chão em colchões. Ainda durante a tarde contou-nos o Fernando que, por causa da ocupação de lugares no albergue, tinha havido alguma confusão entre alguns peregrinos, sendo que aqueles que se sentiram lesados ainda quiseram chamar a Guarda Civil, mas felizmente tudo acabara por se resolver de forma pacifica. Ouvi os meus habituais 30 minutos de musica, qual sedativo para mais uma noite de sono e de merecido descanso antes da derradeira etapa!

Fotos: Alexandre Bittar e Leonel Gomes

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