quinta-feira, 5 de maio de 2011

Diário do Caminho Português: 9º dia, 17 de Abril, Teo/Santiago de Compostela (14,9 km)








Retomámos o Caminho às 06h37 da manhã, ainda noite escura, pelo que durante algum tempo, até próximo das 07h20, tivemos que recorrer uma vez mais às lanternas e aos frontais para iluminar as marcas. A Mamiko saiu connosco do albergue de Teo e achou muita piada às nossas manobras para iluminar as setas e as vieiras para não sairmos do Caminho. Tanto eu como o Alexandre já nos sentíamos em forma, uma boa noite de sono aliada a uma dieta de emergência colocou-nos quase como novos! Os 14,9 km que separavam o albergue de Teo da Catedral de Santiago de Compostela foram percorridos a um ritmo muito bom. Passámos por Milladoiro, a ultima localidade antes da Compostela. Às 10h00 da manhã e no meio de muita emoção, chegávamos à Praça do Obradoiro defronte da Catedral de Santiago de Compostela! Para alguns de nós era a terceira vez que ali chegávamos caminhando e cada uma delas teve a sua história! É uma sensação única quando se ali chega nesta condição de caminheiro, de peregrino, de andarilho! Esta chegada marcou também o reencontro com o grupo de estudantes peregrinos do Porto e de S.Tirso (acho eu...), fomos ovacionados por eles com uma enorme salva de palmas à nossa chegada à Praça de todos os sonhos! As fotos da praxe, as mensagens e os telefonemas para casa, as saudações mutuas entre todos por mais um objectivo cumprido e comprido! Era também visível alguma emoção no rosto da Mamiko, todos estávamos com as emoções à flor da pele, cada um à sua maneira! De seguida fomos até à oficina do peregrino carimbar as credenciais e levantar as compostelanas, oficina essa que desde a nossa última visita em Maio de 2010, tinha entretanto mudado de instalações. Cumprido mais este ritual do Caminho, fomos até um dos muitos bares da zona histórica de Santiago para tomar o pequeno-almoço. O Alexandre entretanto foi até uma farmácia ali perto para comprar comprimidos de alcachofra, já se sentia muito melhor, mas ainda assim não queria facilitar. Eu também me estava a sentir muito bem! Todos sabíamos que se aproximava a hora em que o grupo se iria separar: o Rosalino e o Pimpão apenas tinham programado a sua peregrinação até Santiago, o António Delfino em virtude da sua lesão muscular não quis arriscar até Finisterra e decidiu ficar com eles em Santiago, para irem até Finisterra, mas de autocarro. Eu, o Alexandre e o Leonel continuaríamos até onde a terra acabava e o mar começava, assim estava escrito!

Fotos: António Delfino e António Pimpão

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