quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 7º Dia, 25 de Abril, Navarrete - Cirueña



Saíamos de Navarrete eram 06h50. Este foi um dia particularmente doloroso e dificil, pois foi o último em que tivemos a companhia do Hernâni e da Cris. O Hernâni foi ficando para trás, já tinha revelado alguns problemas de adaptação à realidade do Caminho, estava um pouco em baixo psicologicamente, nunca mais tivemos notícias dele. A Cris, como já vos disse, trazia menos dias de férias que nós por isso tinha que se adiantar, ainda assim ia saltar as etapas entre Burgos e Léon (de autocarro) e já não iria a Fisterra, queria chegar a Santiago entre os dias 7 e 8 de Maio, porque dia 9 regressava ao Brasil. Nós ficámos em Cirueña e a Cris continuou penso que até Santo Domingo de La Calzada. Buen Camiño Hernâni e Buen Camiño Cris!
Desta etapa queria destacar naturalmente a passagem por Nájera e pelo seu interessante centro histórico. Aqui fizemos, eu e o Delfino, uma paragem mais prolongada para comer alguma coisa na esplanada de um bar na zona histórica (o restante pessoal já estava mais para a frente…). Quando retomámos o Caminho, já na saída de Nájera, conhecemos um casal francês que também ía para Santiago. Seguimos algum tempo juntos, atravessámos a ponte sobre o rio Najerilla e um pouco mais à frente, já em direcção a Azofra, ficaram a descansar numa sombra apetecível e nós continuámos!
O percurso entre Navarrete e Cirueña foi bastante plano, com imensas zonas de vinha (ou não estivéssemos em La Rioja…) e campos de cereais até perder de vista. Em Azofra não resistimos a parar numa esplanada, à sombra, pois o dia estava quentinho. Durante cerca de 30 minutos descansámos e desfrutámos de 2 “canhas” San Miguel! Como eram bons aqueles momentos de pausa!
Chegámos a Cirueña às 16h30, mas ainda tivemos que caminhar um pouco mais, pois o único albergue que ali existia, ficava mesmo na outra ponta da povoação! Achei um pouco exagerado o preço que o hospitaleiro pediu, 13 euros, ainda que com pequeno-almoço, para o tipo de albergue que era, pareceu-me um pouco excessivo, acho que se aproveitou de ser o único nas redondezas. O Castro ainda assim foi o que teve mais sorte, conseguiu dormir num quarto sozinho, pelo menos estaria a salvo dos roncadores e a última noite tinha sido, particularmente, terrível a este respeito, a Cris que o diga, pois tinha levado com uma enorme sinfonia toda a noite em Navarrete. Durante a tarde bebemos umas canhas e consultámos a internet, por sinal gratuita, um pouco lenta é certo, mas gratuita!

Acabámos por ali jantar, era um café que servia a ementa do peregrino, o filho do patrão foi quem nos serviu, bom rapaz e ainda por cima falava português, era filho de um basco e de uma brasileira! Regressámos calmamente ao albergue, era tempo de reorganizar as mochilas para o dia seguinte. Já tinha telefonado para casa a matar saudades. Era preciso agora descansar para regressar em pleno ao Caminho!


Texto: Sérgio Cebola
Fotos: 1 a 6 e 8 (António Delfino) foto 7 (António Pimpão)
1 – Partida de Navarrete
2 – Nájera
3 – Idem, ponte sobre o rio Najerilla, com o casal francês
4 – Igreja de Nájera
5 – Bebendo umas “canhas” San Miguel em Azofra
6 – As vinhas de la Rioja
7 – A despedida da Cris em Cirueña
8 – O jantar em Cirueña

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