quarta-feira, 2 de maio de 2012

Caminho Primitivo: O regresso!


Olá a todos! Depois de 17 dias fora de portas, 14 dos quais repartidos entre o Caminho Primitivo (11) e o Caminho de Fisterra (3), estou de volta a casa! Todos os Caminhos de Santiago que já realizei encerram a sua própria e única história e este ficará, certamente, na história como o mais duro, mas também como um dos mais fantásticos em termos de paisagem! Se esta rota já não era fácil com bom tempo, imaginem o que foi trilhá-la com chuva (diluviana a maior parte do tempo), com vento forte, muito frio, com neve e com nevoeiro! Os níveis de adrenalina andaram quase sempre altos, com o "red line" a ser atingido durante a travessia da carismática e para nós inesquecível "Rota dos Hospitais"! Foram 6 dias a calcorrear a zona montanhosa das Astúrias, num sobe e desce constante, ou como dizem os peregrinos espanhóis um "rompe piernas"! Ao inicio da manhã do 6º dia consecutivo de marcha, passámos a fronteira entre as Astúrias e a Galiza, no local denominado "Puerto Del Acebo", a mais de 1000 metros de altitude! A partir daqui os desníveis diminuiram gradualmente, mas a chuva continuava a não querer dar tréguas, ainda que a espaços fizesse algumas curtas pausas. Acho que no total arriscaria a contabilizar, com alguma segurança, apenas 2 jornadas e meia sem chuva e com o sol a perder a timidez! No acordo de cavalheiros firmado entre S. Pedro e Santiago, incluem-se o 3º dia de marcha, entre La Espina e Borres, a tarde do 9º dia de marcha, no troço entre Lugo e San Roman de Retorta, por sinal durante a etapa mais extensa e no 14º dia de caminhada, entre Olveiroa e Fisterra! No dia da chegada à Praça de Obradoiro até que não esteve muito mal, mas algo sucedeu entre S. Pedro e Santiago, pois a chuva, ainda que de forma mais suave, voltou a tombar sobre nós! Até ao Km 0 do Caminho em Finisterrae, onde a terra acaba e o mar começa, apenas ficámos 2, eu  e o António Pimpão! E valeu a pena termos ficado, pelo que ainda vivemos durante esta última parte da travessia, mas acima de tudo pelo dia fantástico na chegada a Finisterrae e pelos rituais que partilhámos no Farol, voltados para um mar imenso e para um sol inesquecível! Agradeço à minha familia, agradeço a todos os amigos, em especial a todos aqueles que acompanharam esta nossa arrojada aventura e que através de mensagens telefónicas ou através do blogue nos deram sempre força para continuar! A actualização do blogue, não sendo tarefa fácil, ainda assim só foi possível graças ao empenho do Manuel Correia e do José Carlos Monteiro! Uma palavra também de agradecimento ao amigo João José Temudo! A partir de amanhã publicarei regularmente o meu diário de viagem (que ainda não está fechado...) aqui no blogue, acompanhado de algumas fotos, esperando que desfrutem vocês também deste nosso Caminho e que o relato desta peregrinação vos sirva de incentivo e de motivação para vos lançar neste mágico mundo que é o Caminho de Santiago!

Ultreya et Suseya!

Foto (autoria): Manuel Correia

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