quinta-feira, 17 de maio de 2012

Caminho de Fisterra: Dia 3 (27 de Abril: Olveiroa - Fisterra)


Começo por dizer que S. Pedro atendeu as nossas preces! Foi o melhor dia de todo o Caminho! O sol brilhou finalmente com muito mais esplendor! Foi com agrado que guardámos nas mochilas o fato da chuva! Foi com uma vontade desmedida que pusemos os óculos de sol! Mochila e vieiras ao sol e à vista! Foi, por tudo isto, que avançámos, com um novo estado de alma, para a última etapa do Caminho! Eram os derradeiros 33,1 km até ao mar! Ainda assim amanheceu com algum nevoeiro, após termos tomado o pequeno-almoço na cozinha do albergue, iniciámos a nossa última jornada no Caminho por volta das 07h30 da manhã! Foi junto ao enlace Fisterra-Múxia e enquanto nos preparávamos para tirar uma foto, que nos libertámos do fato da chuva, foi neste momento que o sol despertou para o dia, finalmente, depois de tantas tormentas! Assinámos o livro de presenças na Capela de Nossa Senhora das Neves! Às 11h30 da manhã parámos num bar em Cee para o 2º pequeno-almoço do dia! Ganhámos forças e ânimo para a parte final até ao fim da terra! Às 14h35 e depois de um percurso de cerca de 3 km por um passadiço sempre junto ao mar, chegávamos a Fisterra! 

Uma vez mais ficámos no Hotel Âncora do nosso já velho amigo Manoel, um galego fantástico! Aproveitámos umas promoções bestiais que o Hotel estava a promover! Mais barato pagámos pela dormida e só não fomos para a opção dormida+jantar+pequeno-almoço porque queríamos ir para o marisco, senão mais barata ainda tinha ficado a estadia! Só podíamos levantar a Finisterrana às 16h00 (horário de abertura do albergue), pelo que aproveitámos para beber um copo no bar do hotel e ir à net matar saudades de casa! No albergue havia uma enorme fila de peregrinos, incluindo um grupo de peregrinos alentejanos de Elvas e de Campo Maior, um deles era enfermeiro e conhecia bem o Parreira de Nisa! O mundo é definitivamente muito pequeno! Neste albergue apareceu, aliás, de tudo, até uma peregrina que tinha vindo de autocarro e queria levantar a Finisterrana! Sem comentários! Deixámos as Finisterranas no hotel e fomos cumprir os últimos 3,5 km até ao Cabo Fisterra, junto ao farol e junto ao marco com o km 0 do Caminho! Foi assim uma espécie de volta de consagração! 

O dia continuava bem auspicioso, pese embora algumas nuvens que começavam a ensombrar o horizonte! Decidimos ir mais cedo ao Farol para assim desfrutar com calma da nossa mariscada e também porque tínhamos algum receio que o tempo se voltasse, confesso! Cumprimos os rituais, acendemos a fogueira, queimámos os excedentes, brindámos, comemos e exaltámos Santiago Maior! Estava cumprida mais uma travessia no Caminho Jacobeu! Lançámos um derradeiro olhar ao astro rei que se começava a perder e esconder no horizonte e nos confins do Atlântico! O regresso foi tranquilo, bebemos água da fonte a meio da descida para Fisterra, enchemos as garrafas, já depois de termos deitado um último olhar à estátua do peregrino que se encontra junto à estrada! Tempo ainda para algumas fotos à igreja de Santa Maria das Areas em Fisterra, que remontam ao século XII, uma herança dos templários como, de resto, comprovavam 2 cruzes alusivas a esta Ordem Religiosa gravadas na parede exterior do templo! 

Tomámos banho e entregámos roupa para lavar! Pouco depois das 20h00 descemos à sala da jantar e prepara-mo-nos para a mariscada: o prémio final! E que prémio! A enorme bandeja era composta por diversas qualidades de marisco, incluindo as inevitáveis vieiras! Quando pensávamos que a coisa estava controlada chegou uma segunda bandeja com sapateira! O Manoel estragou-nos com mimos! Se a isto juntarmos 2 garrafas de um Alvarinho imperdível e um caldo galego para rebater, não ficámos nada mal, não senhor! O Manoel fez-nos companhia ao café e ao chupito! Após o intenso repasto subi ao quarto para lavar os dentes e o Pimpão ficou na net até por volta das 11 da noite, hora a que o amigo Manoel já vencido pelo sono fechou o restaurante e a portaria do hotel! Ainda fizemos um passeio nocturno e entrámos num pub para beber umas bebidas gaseificadas, a janta tinha sido pesada e estava a pedir uma digestão cuidada! Recolhemos ao quarto do hotel à meia-noite! Ouvi música até à 1 da manhã, depois o cansaço da intensa jornada venceu-me por fim!  

Fotos (autoria): António Pimpão

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