segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Diário do Caminho: 25º Dia, 13 de Maio, Melide – Pedrouzo de Arca










O bom tempo parecia estar finalmente a regressar! Mesmo assim as temperaturas ainda estavam um pouco baixas, com um pingo ou outro de chuva à chegada a Pedrouzo de Arca. Um percurso marcado com a continuação de bons trilhos, com algumas subidas e descidas no inicio da etapa, entre Melide e Ribadiso de Baixo. Nas imediações de Boente, cerca de 6 km para lá de Melide, estava colocada uma banca junto ao Caminho, com oferta de bebida e comida para quem passasse, a troco de um donativo! Certamente fez bastante jeito a muitos peregrinos! Muitos eucaliptos a marcarem presença na paisagem galega, nomeadamente, nestes últimos 2 dias, coisa muito rara em quase todo o Caminho. Por volta das 10h30 parámos num bar em Arzúa para descansar um pouco e comer bocadillos de chouriço, fiambre e queijo, “ração” preparada de véspera em Melide. Acompanhámos com dose dupla de “Estrella Galicia” e um café “solo” no fim. Hoje durante a tarde, à passagem pelo “pueblo” de Taberna Vella, vi uma frase escrita numa placa na berma do Caminho que ilustra bem o que deve ser o espírito de todos os que fazem o “Camino”, estava escrita à mão numa pequena placa de cartão, assinada por um tal de J. G. V., in memoriam e dizia que “De pouco serve chegar a Santiago se antes não viveres o Caminho…”. Nem mais, desfrutar o dia-a-dia, viver as emoções e despertar todos os sentidos para as dádivas do Caminho, ou seja, tirar o máximo partido de tudo o que o “Camino” nos coloca à disposição! É o que tenho tentado fazer desde o início! Na saída de Brea contemplámos um quadro verdadeiramente idílico, a merecer uma fotografia para memória futura: uma aldeã a conduzir uma junta de vacas pelo Caminho! Tão raro ver-se uma coisa assim nos dias que correm! Voltámos a ter o prazer da companhia do simpático casal brasileiro João José e Maria Zélia, que já tínhamos encontrado em Barbadelo e Vega de Valcarce. Juntaram-se a nós no restaurante “Che1” em Pedrouzo de Arca! Fizemos uma festa imensa pelo reencontro e, claro está, tirámos uma foto de grupo! E a Maria Zélia confirmou-nos que por nossa causa iriam também a pé até Fisterra! Não se iriam arrepender, disso estava certo! Chegámos a Pedrouzo de Arca às 15h30, após termos percorrido mais 34,9 km. Ficámos alojados no Albergue Municipal de Arca, por 5 euros, ficámos a saber que se paga este valor em toda a rede de albergues municipais da Galiza! Era estranha a sensação de sabermos que estávamos a uns míseros 23 km de Santiago de Compostela, no dia seguinte, a meio da manhã voltaríamos a escrever mais um capítulo na já longa história do Caminho para “Campus Stellae”!

Texto: Sérgio Cebola
Fotos: 1, 2, 4 e 6 a 9 (A. Delfino), foto 5 (Rosalino Castro), foto 3 (A. Pimpão)

1 – Muitas linhas de água se cruzaram no Caminho!
2 – Outra belíssima água de fonte para matar a sede!
3 – A troco de um donativo era possível comer e beber! (Boente)
4 – Entre Melide e Ribadiso
5 - O Pimpão à passagem pelos fantásticos caminhos de bosque perto de Ribadiso de Baixo
6 – Sempre no Caminho certo!
7 – Uma aldeã de Brea, conduzindo uma junta de vacas!
8 – O Delfino à chegada a Pedrouzo de Arca
9 – No restaurante “Che1” em Pedrouzo, com o João José e a Mª Zélia!

1 comentário:

  1. que bom estar lendo os relatos de voces, aliás, muito bem escrito e narrados, por todos ...
    valeu a lembrança no blog, a saudade, é grande, Deus quera que um dia possamos nos reencontrar.
    Foi muito bom ter a alegria de encontrarmos pessoas iluminados...

    valeu...

    joao jose
    e
    maria zelia

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