terça-feira, 15 de abril de 2014

Via da Prata I (Sevilha - Salamanca)

Etapa 8
Dia 7 de Abril de 2013 (domingo)

Alcuéscar - Cáceres (38,2 km) 

Saída matinal às 06H50, mais uma vez sozinho, comi algo já no exterior do albergue, não quis fazer barulho para não acordar o pessoal que ainda estava a descansar, segui andando, passei ao largo de Casas de Don António e Aldea del Cano, muitos amrcos miliários, muita coincidência com o caminho romano, a muita água nas vastas planícies por onde ocorre o Caminho fez-me tomar a opção de seguir pela estrada que o torneava, comecei a sentir-me indisposto e muito agoniado, os medicamentos tinham feito passar a tendinite, mas começavam a fazer mazelas no estômago, avancei passei pela ponte romana, agora os miliários apareciam quase do nada, estava mesmo na antiga via romana que coincidia com o caminho de Santiago e que estava devidamente sinalizada com os cubos em granito com as cores verde e amarela símbolo da coincidência dos caminhos, após mais um troço com frequentes subidas e descidas, que me levou até muito perto do aeródromo de La Cervera do aeroclube de Cáceres que para minha surpresa atravessei com uma avioneta a descolar na minha direção, brincadeira do piloto com toda a certeza. Após uns quatro km, atravessei a ponte medieval sobre o rio Salor, atingindo assim Valdesalor, ultima povoação antes da chegada a Cáceres, continuei acompanhado de um peregrino francês que aí encontrei chegado pela estrada que me disse que não caminhava mais em caminhos repletos de água desde que a estrada fosse visível, comemos algo no bar, ele saiu muito apressado uns cinco minutos antes de mim, pagando-me a bebida sem que tivesse dado conta, quando acabei e regressei ao caminho vislumbrei já muito longe a sua silhueta que seguia pela estrada, nunca mais o vi, coisa estranha!

Segui junto à N-630 pelo caminho tendo as setas amarelas como referencia, por um troço esquisito e meio duro, com pedras soltas e sempre a subir ao lado da estrada até atingir o alto a quase a 500 metros de altitude, de onde se vislumbrava Cáceres, mas que, como vim depois a descobrir, ainda ficava a alguns km de distância, cruzei pela ultima vez a N-630 e desci por um descampado imenso em direção ao meu destino, chegado a Cáceres dirigi-me à Plaza Mayor, sentei-me nuns degraus a contemplar e a procurar o caminho a seguir na jornada seguinte, estava esgotado fisicamente, sentia-me de rastos, um velhote fez-me companhia e deu-me uns minutos de conversa, a vontade era pouca e segui até à pensão Cesar na Calle Margalho, eram 16 horas.

A vontade era mesmo muito pouca, não lavei roupa, estava num quarto com tv, limitei-me a tomar banho, sair para ver a direcção a seguir na manhã seguinte e comprar algo para jantar e para a próxima etapa, que iria seria comprida e sem qualquer ponto de apoio intermédio, depois deste reconhecimento regressei ao quarto e a verdade é que ingeri um iogurte liquido, arrumei as coisas, deitei-me debaixo dos cobertores para ver um pouco de tv e adormeci profundamente, acordando só já de madrugada.

Constatei na pele o provérbio de que se não morrer do mal morro da cura…










Texto e fotos: António Pimpão

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