sábado, 12 de abril de 2014

Via da Prata I (Sevilha - Salamanca)

Etapa 5
Dia 4 de Abril de 2013 (5ª feira)

Zafra – Vilafranca de Los Barros – Almendralejo (40,6 km)  

Saí do albergue às 07H10 depois de uma última insistência do António para ali permanecer mais um dia.
À saída tive alguma dificuldade para encontrar dentro de Zafra o rumo certo, o que consegui com a ajuda de uns caminheiros matinais que me puseram no bom caminho até Los Santos de Maimona.

Após uma longa descida com piso cimentado passei, sem parar, na povoação e sem perder nunca de vista as setas amarelas, segui por um caminho meio lamacento com alguns aguaceiros à mistura, o que para a minha tendinite veio mesmo a calhar bem, a passagem pelas zonas de vinha foi terrível, infernal mesmo, chuva e atolamento constante numa lama que teimava em agarrar-nos e não nos querer deixar seguir.

Passada a linha do comboio e transposta a autoestrada por uma passagem subterrânea, após alguns quilómetros e antes de chegar à povoação seguinte, deparei com mais uma linha de água e pela segunda vez neste caminho tive a sorte de apanhar mais uma boleia de carro durante alguns metros.

Em Calzadilla de los Barros (fiquei a saber nas pernas o porquê do nome) fui presenteado com mais uma carga de água, aproveitei para comprar comida para o almoço e para o que faltava da etapa, acomodei-me na entrada do mercado onde a chuva não me chegava, terminei o repasto, entrei na farmácia, comprei anti-inflamatórios, tomei dois e ala que se fazia já tarde.

Na saída da povoação entrei num amplo caminho de terra batida, barro e mais barro, oliveiras e vinhas, muitas vinhas, até atingir o campo público El Chaparral, espécie de terreno publico loteado com pequenas parcelas de vinha, recomeçou a chover, o barro que se colou às botas, aliado á minha debilidade física, tornava extenuante andar, foi talvez o pior troço de todo o caminho, deixei de me preocupar e comecei a andar a direito, por dentro de água, pelo meio do barro, encontrei um vinicultor de carro em sentido contrário que insistiu veementemente para voltar para trás com ele, que se lixasse não iria para trás, para a frente sempre, este era o meu caminho.

Após uma hora neste martírio atingi de novo um caminho amplo com um piso um pouco melhor, daí até ao desvio para Almendralejo foi mais uma hora a bater o pé, onde cheguei completamente de rastos, ter exagerado nos anti inflamatórios provocou umas náuseas desagradáveis que me deixaram mareado, procurei desesperadamente o Hotel Los Angeles onde ficaria a pernoitar e onde cheguei pelas 15H45, para casa mandei a mensagem que estava tudo sob controlo, mas na realidade estava todo “mamado”.

O quarto de 25 € com casa de banho e tv foi providencial, não lavei roupa, tomei banho, saí para comprar mantimentos e decidi comprar também algo para jantar no quarto, depois de regressar, estendi-me na cama a ver tv e desliguei por completo, ligaram-me as 11 da noite e constatei que afinal nem tinha jantado, que se lixasse também não tinha fome e estava agoniado, dormi até de manhã.

Desta etapa, muita lama, muito dureza…!









Texto e fotos: António Pimpão

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