quinta-feira, 10 de abril de 2014

Via da Prata I (Sevilha - Salamanca)

Etapa 3
Dia 2 de Abril de 2013 (3ª feira)

Almadén de la Plata - Monesterio (34,4 km)

Dia incaracterístico, saí do albergue ás 8H00 da manhã, sozinho mais uma vez, subi até á praça de touros e daí até umas instalações de painéis solares, passei por algumas quintas, tive que abrir e fechar algumas cancelas, tive a companhia de alguns porcos que me acompanharam pelo caminho, atravessei a vau mais um “arroyo”, desta vez descalcei-me e pelo sim pelo não, tirei também as calças, prometi a mim próprio que desde o “arroyo de los molinos” tudo o que tivesse que ser atravessado seria em pêlo, quando estava já do outro lado a vestir-me e a calçar-me encontrei uma moeda de euro que prometi deixar como esmola no primeiro local que tivesse oportunidade.

Depois de uma subida durita e de uma descida que teve de ser feita de forma cuidadosa e de ter saído, pelo que me apercebi, de terrenos particulares, cheguei a um estradão que me levou até á ultima povoação da Andaluzia, El Real de la Jara, onde cheguei por volta das 09H45, passei junto ao albergue, os primeiros quinze km estavam feitos, aproveitei para comprar e comer alguma coisa, num banco de paragem de autocarro que era coberto e deu para proteger de uma chuva miudinha que ía caindo, bebi um cafezito num bar próximo e segui viagem 15 minutos depois para os últimos vinte quilómetros.

Assim que saí da povoação, apreciei o belo castelo medieval que serviu de defesa à povoação e mais uma surpresa, o “arroyo de la víbora” que serve de fronteira natural às províncias de Andaluzia que acabava de deixar para trás e da Extremadura em que estava quase a entrar.

Como dizia, estava eu a preparar-me para tirar a botita e cumprir um gesto que se estava já a tornar habitual, quando passa um senhor numa carrinha que se predispõe a deixar-me subir e que me evitou mais uma chatice, bom devo dizer que entrei na nova província de carro, ainda que por poucos metros á boleia. De seguida tirei algumas fotos tendo como pano de fundo as ruinas do Castillo de las Torres, tendo prosseguido por muitos kms atravésde um estradão em linha reta que até metia cobiça andar rápido, cheguei a um cruzamento de estradas bem movimentadas que atravessei a medo, mas como há já algum tempo vinha sentindo uma dorzinha no tendão direito parei por algum tempo junto a uma ermida (San Isidro) no cimo de um elevação, descalcei as botas e comi alguma coisa.

Voltei a andar, baixei o ritmo dado que a sensação com a paragem piorou e temi que fosse alguma tendinite, o terreno esse também deixou de ser como ate ali, uma subida bastante acentuada até chegar ás imediações de Monestério que me fez temer o pior e que tive que fazer a um ritmo mesmo muito baixo.


Cheguei a Monesterio ás 14H30, optei pelo albergue paroquial simplesmente por estar mais perto da saída no dia seguinte, paguei dez euros, apesar de estar referenciado como donativo, mas valeu a pena, lavei a roupa, tomei banho e fui comprar reabastecimentos para o dia seguinte e para lanchar dado que não tinha ainda almoçado, já com as energias renovadas, aproveitei para fazer muito gelo na região afetada, saí depois e fui dar uma volta, dei de caras com a igreja, estava fechada, bati numa porta e sai-me o Sr. padre, explico-lhe o propósito da minha visita, queria deixar de esmola a moeda que tinha encontrado pela manhã, faz-me uma visita guiada, diz-me que no tempo da guerra civil espanhola a igreja tinha sido incendiada e nada se tinha salvo, pelo que todas as imagens existentes eram recentes, cumpro a minha promessa e saio agradecido, volto ao albergue onde se encontra já um casal canadiano e um jovem alemão que tinha já encontrado nos albergues nos dois dias anteriores, faço mais uma sessão de gelo e saio para jantar, desta vez sozinho, termino, e volto de imediato ao albergue, arrumo a mochila e deito-me na cama a ler tendo como companheiro de quarto o alemão com quem tento manter um diálogo difícil em inglês, deixo a leitura, ponho-me a ouvir musica e assim devo ter adormecido.







Texto e fotos: António Pimpão

1 comentário:

  1. A acompanhar esta "aventura" :) Muito em breve, com os pés no terreno! Ui ui!

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