quinta-feira, 10 de maio de 2012

Caminho Primitivo: Dia 7 (20 de Abril: Padron - Castroverde)


Demos inicio à jornada às 07h30 da manhã! Em Vilardongo, ao chegarmos à estrada principal, deixámos de ver as setas do Caminho. Eu seguia com o Delfino, os outros seguiam um pouco mais à frente. Avistámo-los  a subir um pouco acima de nós e a certa altura interroguei-me como apanhar aquela direcção seguindo pela estrada, pois não tínhamos indicação para mudar de sentido. Voltei atrás para confirmar se não nos tinha escapado nenhuma seta, tarefa que não foi fácil, pois a chuva recomeçou a cair, até já estranhávamos quando tal não acontecia! Confirmei que não havia seta alguma para sair da estrada e quando cheguei onde o Delfino tinha ficado ele já lá não estava! Tentei telefonar-lhe sem sucesso dado que ele não tinha rede onde se encontrava! Presumi que tivesse seguido pela estrada, pois dissera-me momentos antes, quando notámos a falta de setas, que seria o melhor caminho a seguir. Pois decidi também continuar pela estrada até à próxima povoação e perguntar se estava no caminho certo! Foi o que aconteceu, bati à primeira porta que encontrei na povoação logo a seguir a Vilardongo (que não fixei o nome...) e um senhor muito simpático confirmou-me que estava no Caminho certo, continuando pela rua onde estava apanharia logo as setas! E assim aconteceu! Mais tarde vim a comprovar pelo guia que o Caminho seguia pela estrada, a seguir a Vilardongo, durante 2,6 km até entrar de novo em terra batida! Ainda assim penso que deveria estar melhor sinalizado naquele troço, mas admito que nos tenha escapado alguma seta, pois com a chuva e a pouca visibilidade, poderia muito bem ter acontecido! Faltava agora localizar o Delfino! Decidi voltar a telefonar-lhe onde me conseguisse abrigar da chuva, foi nesta fase que passei por um troço do Caminho autêntico rio, quase de águas bravas, com o telemóvel numa mão e o bastão na outra, não aterrei por milagre, não resisti a gritar raios e coriscos! Quando dei por mim estava noutro "pueblo", tudo aldeolas muito pequenas! Liguei ao Delfino e consegui, finalmente, chegar à fala com ele! Estava no Caminho que, tal como eu, o tinha apanhado pela estrada, mas pela localização que me deu (junto a uma capela...), estava à minha frente, pois não lembrava de ter passado por nenhuma capela! Disse-me que esperava por mim! E não esperou muito tempo! Minutos depois, num caminho em ascenso avistei a dita capela lá no alto! Estava junto a um antigo albergue que tinha sido recuperado para abrigar peregrinos em caso de mau tempo, tinha um espaço envolvente muito interessante e muito bem recuperado! Fizemos um ponto de situação da nossa inesperada aventura matinal e retomámos o Caminho! Em Paradavella, no bar Mesón, entrámos para comer algo e carimbar a credencial! Seguimos à risca as recomendações do seu simpático proprietário para que, nos próximos 4 km até A Lastra, seguíssemos pela estrada porque o Caminho estava intratável! E assim fizemos! A Pilar e a Viveca também já estavam a comer neste bar quando nós chegámos, o Jacob chegou pouco depois de nós! Os outros tinham aqui passado mais cedo e o Mesón ainda estava "cerrado"! Em Fontaneira parámos na Casa Bortelon que tinha um ambiente bastante acolhedor, uma lareira fechada que aquecia todo o espaço! Que bem que nos soube "fugir", nem que fosse por alguns minutos, da chuva e do frio! Pouco depois chegou o Jacob! Bebemos "canhas" e comemos tapas oferecidas pela casa! O bar tinha uma enorme colecção de notas de diversos países, Portugal incluído! O Jacob sacou de uma nota da República Checa (que nos disse que vali 4 euros...) e ofereceu-a ao dono do Bortelon e passou a integrar também a já vasta colecção! Passámos em Càdavo Baleira às 14h55! A Pilar e a Viveca ficavam por aqui, quanto ao Jacob não tínhamos bem a certeza! Chegámos a Castroverde às 16h55, já com menos chuva e com o sol a espreitar de quando em vez! Optámos por não ficar em Vilabade, uma vez que não era certo que a Casa de Turismo Rural estivesse a funcionar em pleno, ficámos mais à frente, o que sempre encurtaria (a já extensa etapa seguinte...). Ficámos no Hostal Cortez por 19 euros por pessoa (o alojamento mais caro de todo o Caminho...), não foi uma boa relação preço/qualidade, já para não falar nas deficientes condições em que tomámos banho, mas atendendo a que não havia mais nada nas imediações, foi o melhor que se pode arranjar! Em compensação valeu o final de tarde e principio de noite no bar da praça central de Castroverde, onde a simpática empregada de nome Nieves nos brindou com umas canhas e nos ofereceu diversas tapas! Subimos ao 1º andar para jantar, a sala e o simpático cozinheiro por nossa conta! Desfrutámos, entre outros pratos, da melhor sopa de marisco que já alguma vez comi! Uma sopa recheada de variado marisco! Excelente! Foi um pouco mais caro do que o menu normal, mas valeu bem a pena! Percorreram-se 32,5 km! Ah! Já me esquecia o Delfino e o Leonel compraram roupa ainda durante a tarde, acho que as mochilas estavam a ficar leves de mais, havia que compensar, eh..eh..eh...!

Fotos (autoria): Manuel Correia e António Delfino

Sem comentários:

Enviar um comentário