terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desígnios do Caminho


Neste Caminho imenso onde passo,
constato,
sem qualquer constrangimento,
o quão intenso é tudo quanto vejo,
toco, sinto e penso.
Desfaço então,
com a cadência dos meus passos,
qualquer hesitação que sinto neste andar
que devagar faço e que apesar de só,
me dão ânimo para avançar,
com confiança no destino,
que teimo em querer alcançar.
Sinto a cada passo presenças,
que sem tocar me guiam,
acalmando os meus receios,
ou outros anseios,
que não me deixando parar,
e sem que note,
me conduzem nesta sorte,
que não pedi
e que sem medo,
mas em segredo, desejo.
Entre ficar ou avançar,
sem parar, dia a dia,
tropeço na acalmia que me assola
e na melancolia do Caminho,
que sendo fria me consola,
dando ao meu pensar
o carinho de meus filhos
e o amor de minha mulher,
que, sem o notar, caminham comigo,
a meu lado, guiando os meus passos,
com intensos abraços,
que embora não vendo
pressinto no restolhar suave do vento
sobre os campos de girassol
que por mim passam
e nas gotas de orvalho
na copa das árvores,
apagadas pouco a pouco pelo sol,
que sendo rei tudo pode,
cessando somente, com o estridente
chilrear dos pássaros que agora,
sem demora,
me acorda dos meus doces pensamentos
transportando-me para a suave realidade,
para este Caminho,
que sem forçar,
faço devagarinho,
fazendo com que este prazer imenso de caminhar
se prolongue e faça com que tudo o que
vejo, sinto e penso
não sejam só prazeres meus,
mas, e apesar de sozinho,
e sem perceber
sejam de toda a gente,
teimando o meu pensamento,
pela vontade de Deus,
e sem nada dizer,
prender estes momentos
e não esquecer,
que este meu viver de solitário peregrino,
é um desígnio,
não meu,
mas dos céus!
Texto e Foto : António Pimpão

1 comentário:

  1. Quêm diria que o Pimpão é escritor... Fiquei muito supreendida ...pela positiva... muito bem.
    Estás de parabêns Pimpão.
    Beijos e felicidades para a tua nova carreira.
    Graça Parreira

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