segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 11º Dia, 29 de Abril, Tardajos - Castrojeriz













Começámos a caminhar às 06h43 da manhã, nunca tínhamos saído tão cedo até então. Estava previsto percorrerem-se 29,5 km de Tardajos a Castrojeriz. O Javi reservou-nos uma agradável surpresa à chegada a Hornillos del Camino, a terra de seus pais: um verdadeiro “desayuno”, um pequeno-almoço de se lhe tirar o chapéu: ovos estrelados, chouriço frito, compota, vinho e café! Isto tudo na casa de seus pais que é também a sua casa de férias! O Caminho é isto também! Grande Amigo Javi! Nunca nos iremos esquecer disto, Companheiro!Voltámos a reencontrar o André antes de Hontanas (o belga que tínhamos visto nos Pirenéus, o nosso 1º peregrino). Estava diferente, barba comprida e caminhava em calções. Parámos em Hontanas para “desayunar” pela 3ª vez. Curioso este “pueblo”, ficava situado num vale bastante profundo, num autêntico buraco! Tanto era que Hontanas só se avistou, quando estávamos mesmo em cima da povoação, até me lembro de comentar com o António Delfino, que aquela gente deveria ter muitos problemas quando chovia. Parámos num bar no centro da aldeia, comemos bocadillos de jambón e bebemos cerveja Cruz Campo. Pouco depois chegava o Javi, que tinha demorado um pouco mais em Hornillos del Camino, bebeu uma cerveja comigo e com o Delfino, o resto da “tropa” estava para diante! Já perto de Castrojeriz, passámos pelas ruínas do Convento de Santo Antón (séc. XV), que mesmo não estando nas melhores condições de conservação, dava para ver que tinha sido uma construção imponente noutros tempos. Chegámos a Castrojeriz às 15h30, foi a primeira vez que nos deparamos com albergues lotados, com a placa bem visível a dizer “completo”. Tivemos mais sorte, junto à Plaza Mayor, no Albergue San Esteban, que apesar de estar também já cheio, a hospitaleira foi muito prestável e conseguiu “encaixar-nos” na parte debaixo do albergue, colocámos uns colchões no chão e a coisa resolveu-se. Dormimos muito bem, eu, o Castro e o Pimpão, os outros ficaram no piso superior. E tivemos direito a WC só para nós! Durante a tarde tempo ainda para relaxar e dar uma volta de reconhecimento pelas redondezas, esperámos que o Alexandre telefonasse de uma cabine para o Brasil, queria matar saudades! Depois fomos beber umas canecas (a 3ª parte do Caminho também não podia ser descurada…). Jantámos no bar restaurante “La Taberna”. Enquanto aguardávamos por mesa, bebemos umas canhas ao balcão, travámos conversa com o patrão que nos disse que também carimbava ali as credenciais e de facto o carimbo era um magnífico cavaleiro templário! Como não tinha a minha credencial comigo, não resisti a carimbar uma folha para levar como recordação! Conhecemos outro brasileiro, o Rafael, que também estava no restaurante! E ficámos a saber que outro brasileiro, este mais mediático, também tinha passado por ali, o escritor Paulo Coelho! Estava numa foto ao lado do patrão! Se calhar por isso é que o menu do peregrino ali foi mais caro: 11 euros por pessoa! (lol! lol! lol!). Conhecemos ainda uma peregrina holandesa, a Leila, que jantou connosco, dado que o restaurante estava com as mesas completas e o patrão nos pediu se não nos importávamos que ela se sentasse ao pé de nós (“Mas, por supuesto que non!”). Conversámos um pouco (em inglês) sobre as razões que tinham movido cada um fazer o Caminho. A Leila vinha de Amesterdão e acho que tinha começado a caminhar em Burgos.

Texto: Sérgio Cebola

Fotos: 1 a 9 e 10 (António Delfino), fotos 10 a 12 (António Pimpão)

1 – Na saída de Tardajos

2 – À chegada a Hornillos del Camino

3 – O inesquecível pequeno-almoço na “casa de férias" do Javi em Hornillos

4, 5 – Hontanas

6 – Ruínas do Convento de Santo Antón (séc. XV)

7, 8 - Castrojeriz

9 – Bebendo umas canhas em Castrojeriz

10 – A igreja de Castrojeriz

11 – O Rafael no restaurante “La Taberna”

12, 13 – O jantar no “La Taberna”, com a peregrina holandesa, a Leila

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