quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Método para o “nosso” Caminho Francês


No momento em que fixamos as datas para a nossa partida de Nisa rumo a França e para o inicio da nossa nova demanda até Santiago de Compostela, o “nosso” Caminho Francês já há muito havia principiado, precisamente naquele ápice de tempo em que as nossas mentes começaram a desenhar e a materializar, primeiro a ideia e depois a convicção, cada vez mais forte e avassaladora, apimentada q.b. com a ânsia e o nervoso miudinho, próprios de quem almeja por uma partida inevitável!
Após fervorosas pesquisas, ponderações e reflexões muito próprias destas andanças, decidimos que o nosso ponto de partida seria Saint-Jean-Pied-de-Port, localidade da Baixa Navarra Francesa, nos Pirinéus, em pleno País Basco, um dos míticos locais deste Caminho! Aqui se juntam 3 das 4 vias do Caminho Real Francês para Compostela: a Via Turonense, o Caminho de Tours, a Via Podense, o Caminho de Le Puy e a Via Lemovicense, o Caminho de Limoges. Estas 3 rotas confluem num local designado por “Gibraltar”, muito perto de outra localidade basco-francesa Ostabat, e daqui seguem até Saint-Jean-Pied-de-Port, última etapa do Caminho de Santiago em França e a última povoação antes de cruzarem os Pirinéus e entrarem em Espanha! Esta localidade basco-francesa é normalmente considerada como ponto de partida do Caminho Francês, pelo que será também aqui que vamos dar inicio à nossa nova caminhada para Campus Stellae! Existe ainda uma 4ª via, a Tolosana, o Caminho de Arles ou de Toulouse, que cruza os Pirinéus por Somport, seguindo por Jaca e unindo-se às 3 primeiras em Puente La Reina.
Relativamente ao nosso ponto de chegada, também decidimos de comum acordo, que este não se esgotaria em Santiago de Compostela, daqui seguiríamos até ao km 0 do Caminho: Finisterra ou Fisterra, onde a terra acaba e o mar começa! E daqui até Muxia, numa tentativa de cumprir todas as tradições intimamente ligadas aos rituais do Caminho! Deixámos, no entanto, em “banho-maria”, conforme se encontrar, na altura, a nossa disponibilidade física e mental, uma visita também a Pádron, localidade galega que é, segundo a lenda, o local em que aportou a barca que transportou os restos mortais do Apóstolo Santiago Zebedeu desde o Médio Oriente até à Península Ibérica. A pedra - ou padrão - a que foi presa à barca ainda hoje existe, encontrando-se colocada por baixo do Altar da Igreja de Santiago de Padrón. Num monte não muito longe do centro da Vila, do outro lado do Rio Sar, encontra-se um outro lugar de culto a Santiago: a pedra em cima da qual, de acordo com a lenda, Santiago celebrou missa.
Toda a distância desta rota somada dá qualquer coisa como 800 km, “mais IVA”, palmilhada à nossa boa maneira: a penantes! É de facto, fazendo minha uma expressão muito utilizada pelos habitantes de Salavessa, no Concelho de Nisa, “uma coisa admirável!”
Ao contrário do que aconteceu com o Caminho Português do Interior, em que tivemos o privilégio de dispor de apoio na retaguarda, graças à enorme boa vontade de alguns amigos a quem estamos infinitamente gratos, desta vez não vamos ter este tipo de mordomias, iremos em autonomia total o que, traduzido para a língua de Camões, significa literalmente: mochila às costas contendo o estritamente indispensável, disponibilidade física e mental q.b. e pés ao Caminho!

Texto: Sérgio Cebola
Recurso Internet:
http://pt.wikipedia.org/

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