quarta-feira, 24 de junho de 2015

Caminho Sanabrês: 28-05 (1ª Etapa: Zamora-Montamarta, 18,5 km)

 
 
 
 
 
 
 
Ao final do dia 27 de Maio parti de casa, em Nisa, em direção a Vila Velha de Ródão, para iniciar a viagem de ligação a Zamora. Às 19h49 apanhei o comboio IC que faz a ligação entre a Covilhã e Lisboa. Saí no Entroncamento, pouco depois das 21h00 e, enquanto aguardava pelo comboio Trenhotel Sudexpress, jantei no bar da estação, bifanas e fruta que trouxera de casa e uma imperial que pedi no bar! Assisti à parte final da Liga Europa, que o Sevilha venceu o Dnipro por 3-2.
 
Às 22h24 chegou o Sudexpress que me levou até Medina del Campo (a seguir a Salamanca). A viagem decorreu com normalidade e sem atrasos, deu para cochilar, sem ser um sono muito profundo em virtude de ter que o fazer sentado! Cheguei a Medina del Campo às 05h45 (hora espanhola)! Como a ligação para Zamora seria só às 08h27, aproveitei para fazer alguma higiene no WC da estação e para descansar um pouco mais num banco perto da zona da bilheteira! O sono voltou não ser nada profundo, porque entretanto começaram a chegar passageiros e também porque num outro banco próximo do meu tinha um companheiro de dormida que ressonava efusivamente! À hora marcada chegou o comboio Alvia que me levaria até Zamora! A entrada para a carruagem 18 foi um pouco atribulada, porque era um comboio enorme e com a identificação das carruagens um pouco confusa, mas com o auxilio do que me pareceu ser o "pica" lá consegui ir para o lugar que me estava destinado! A viagem foi muito tranquila e durou 45 minutos sem que ninguém  me tivesse pedido o bilhete (?).
 
Pelas 09h15 e logo à saída do comboio, tirei a primeira fotografia! Foi muito fácil chegar à Plaza Mayor (local de inicio do Caminho em Zamora), até porque tinha feito o "trabalho de casa" sacando o itinerário da internet! Na rotunda junto à estação apanha-se uma avenida de frente e é sempre a direito até à Plaza Mayor! Deu logo para ver que a temperatura iria estar bastante amena, pelo que fiz uma breve pausa para tirar a sweat de manga comprida e colocar o chapéu! Chegado ao meu destino, contemplei a Praça e o Ayuntamiento, tirando algumas fotos! Pouco depois segui até à catedral para colocar o 1º carimbo! Estava a começar uma visita guiada ao museu! Tirei mais fotos, uma das quais ao rio Douro, que se vislumbrava em grande plano, um pouco mais abaixo da catedral! Não pude ficar indiferente à imponência das igrejas de S. Juan Batista, de Santa Maria Madalena e da catedral. Contemplei também a igreja de S. Cipriano (perto do albergue de peregrinos), mas sem registo, porque tinha muitos carros estacionados de frente! Deambulei assim durante quase 2 horas pelo bonito casco histórico de Zamora! Mesmo que quisesse ficar mais tempo por ali, a ansiedade para começar o Caminho não o permitiu! Até porque quando decidisse fazer a ligação de Sevilha a Zamora iria com certeza ficar mais tempo nesta cidade! Pelo que e após uns breves momentos de reflexão no bonito e antigo alpendre do Ayuntamiento, decidi iniciar o Caminho Sanabrês -, ou melhor iniciar a Via da Prata, porque em boa verdade as primeiras 2 etapas seriam ainda pela Via da Prata, pese embora alguns guias indicarem Zamora como o inicio do Caminho Sanabrês, quando na verdade inicia em Granja de Moreruela-! Não parti sem antes pedir que o momento fosse registado para a posteridade, com a gentileza de um transeunte local!
 
A saída da cidade de Zamora foi também ela muito pacifica graças ao fantástico guia do site Gronze que eu tive o cuidado de imprimir e levar comigo! Era preciso ter atenção à sinalética do Caminho Português da Via da Prata que induzia muitos peregrinos em erro, conduzindo-os à localidade de La Hiniesta em vez de Roales del Pan! Tanto neste particular como em outra situações o guia Gronze era muito preciso, pelo que foi com muita naturalidade e sem pedir qualquer informação adicional, que, a pouco e pouco, fui saíndo da cidade em direção a Roales del Pan! Comecei o Caminho às 11h00 e não estranhei não me ter cruzado com nenhum peregrino na saída da cidade, porque certamente, os que de lá saíram nessa manhã, começaram a caminhar bem mais cedo! Foram cerca de 7 km até Roales del Pan! Já na periferia de Zamora o Caminho ocorre pela a estrada que vai para La Hiniesta, 1,1 km depois desvia por um caminho à direita e por terra batida continua até Roales, onde por volta das 12h00 parei num bar para retemperar forças e refrescar-me, pois estava calorzito! Comi empadas que trouxera de casa (oferta da minha amiga Cruz Semedo) e fruta, tudo regado a preceito com 2 canecas de "canha" bem geladas! O preço também foi muito simpático, 2 euros as 2 canecas! Reabasteci as 2 garrafas de 0,50 centilitros de água! Coloquei protetor solar e perguntei ao Sr. do bar se podia carimbar credencial, disse-me que não tinha carimbo, mas que no Ayuntamiento poderia carimbar, foi o que fiz!
 
Foi já depois de Roales del Pan, num dos muitos caminhos de enorme extensão em linha recta, muito áridos e sem qualquer sombra (campos de cultivo), interrompidos a espaços pelas passagens superiores do AVE (comboio de alta velocidade), que vislumbrei ao longe os primeiros 2 peregrinos! Como ainda ia fresco e certamente com menos kms do que eles, foi com naturalidade que os alcancei! Após a conversa inicial de circunstância que incluiu o inevitável "Buen Camino", fiquei a saber que eram um casal de namorados, ela alemã de nome Sophie e ele, pasme-se, marroquino de nome Abdulah. Ela começara o Caminho em Sevilha, no inicio de Maio e ele, dias mais tarde, fora ter com ela a Salamanca! Falavam os dois espanhol, o que me facilitou bastante a vida! Entre amena cavaqueira lá nos fomos aproximando do destino do dia: Montamarta! Mas não sem antes atravessarmos aqueles intermináveis longos retões de terra batida, interrompidos a espaços pela linha do AVE!
 
Às 15h10 chegámos ao albergue de Montamarta (que durante muito tempo esteve fechado para obras), custava 5 euros, modesto, mas com tudo o que peregrino necessitava, nada a mais, nem nada a menos! Já lá estavam alguns peregrinos! Após o habitual ritual pós-chegada ao albergue, descansei um pouco no meu beliche, mandei uma msg de tlm para casa a avisar que estava tudo bem, entretanto chegou o hospitaleiro para efetuar o registo dos peregrinos e logo depois, juntamente com os meus 2 companheiros de jornada, baixámos à povoação para comprar mantimentos! Regressados ao albergue, sentei-me num banco à sombra e desfrutei de 2 latas geladas de cerveja S. Miguel que comprara em Montamarta!
 
Por volta das 20h00 fui até 1 dos restaurantes que estavam nas imediações do albergue, comi menu por 9 euros, que incluiu sopa de marisco, bife de vitela (ternera) e gelado, acompanhei com uma garrafa de água fresca (não me apeteceu vinho...)! Reconheci alguns peregrinos do albergue que também por ali jantavam! Os meus companheiros de jornada resolveram comer no albergue! Mais tarde, por volta das 22h00 ainda com luz solar, recolhi ao beliche! A noite e o dia tinham sido demasiado longos, descansar impunha-se!



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