
CAMINHEIROS NISENSES AVENTURAM-SE
NOS CAMINHOS PARA SANTIAGO
Autocarro, comboio e… a partir de Saint-Jean-Pied-de-Port, nos Pirinéus franceses, será sempre a pé até Santiago. A partida de Nisa está marcada para 17 de Abril e, dois dias e muitos quilómetros depois, quatro caminheiros nisenses aventuram-se no caminho francês para Santiago de Compostela.
Sérgio Cebola, um dos mentores desta aventura, deu-nos a conhecer um pouco sobre o percurso, o planeamento, as motivações e, claro, os protagonistas que percorrerão a pé cerca de 800 quilómetros , ao longo de 30 a 35 dias.
Como surgiu a ideia de se aventurarem nesta caminhada?
Ficámos de tal maneira realizados com o Caminho Português do Interior, que fizemos em 2007, a partir de Nisa, que, volvido pouco tempo sobre a sua conclusão, começámos, naturalmente, logo a planear uma nova travessia pelo Caminho do Apostolo Santiago Maior. Após algumas pesquisas na internet e diversas leituras muito atentas de alguns testemunhos pessoais, decidimos que a nossa próxima grande aventura teria que ser a travessia daquele que é unanimemente considerado como o mais famoso e carismático de todos os Caminhos de Santiago: O Caminho Real Francês!
Os bem aventurados, se me é permitida a expressão, que se propõem realizar tão arrojado desafio, para além de mim, são o António Pimpão que tem 43 anos e é Coordenador Técnico no Município de Nisa, o Rosalino Castro, tem 50 anos, é funcionário da EDP, actualmente em funções na Barragem do Fratel e finalmente o António Delfino, 51 anos, pintor auto aposentado, natural de Nisa mas residente em França, apesar de ser o mais velho em idade, é, contudo e se assim se pode dizer, o “benjamim da companhia” no que respeita a estas andanças de querer descobrir o mundo a pé! Em Agosto de 2009 contei-lhe as nossas aventuras no Caminho de Santiago e que nos estávamos a preparar para realizar o Caminho Real Francês em Abril de 2010, ficou entusiasmadíssimo com o projecto e tem andado a treinar-se no Indre-et-Loire, bem no centro de França, a preparar-se para o Caminho! Eu, o Pimpão e o António Delfino conhecemo-nos muito antes de praticarmos pedestrianismo, no caso do Castro foi durante uma caminhada, mais ou menos radical, que fizemos a Fátima, que o conhecemos, foi a primeira de muitas caminhadas para o Rosalino Castro!Uma palavra de apreço também para o nosso companheiro António de Almeida Valente que connosco trilhou o Caminho Português do Interior para Santiago, desde o Teixoso.
Sairemos de Nisa no dia 17 de Abril de 2010, viajando de autocarro até Bayonne em França, seguindo depois de comboio até Saint-Jean-Pied-de-Port, nos Pirenéus franceses, onde, a 19 de Abril, iniciaremos a nossa travessia. Não há, por assim dizer, nenhuma data ideal, há quem aconselhe a Primavera, o início do Verão ou do Outono, mas a última decisão será sempre nossa! Por imperativos de agenda familiar e profissional, por ser uma época do ano em que imperam temperaturas mais amenas, por ser ano Xacobeo (quando o dia de Santiago, 25 de Julho, ocorre a um domingo), facto que confere ao Caminho uma outra mística, ponderados e somados todos estes “ingredientes”, optámos por realizar o Caminho entre Abril e Maio.
Um dos aspectos que mais pesou em toda a planificação do Caminho, foi o facto de termos decidido fazê-lo em autonomia total, ou seja, sem qualquer apoio na rectaguarda, apenas mochila às costas com o estritamente indispensável! As etapas foram, ou melhor, ainda estão a ser planificadas em função de uma divisão equilibrada da distância diária a percorrer, mas cima de tudo, em função da localização dos albergues, local de pernoita daqueles que realizam a pé, a cavalo ou de bicicleta, o Caminho de Santiago. A distância total a percorrer andará na ordem dos 800 km , desde Saint-Jean-Pied-de-Port, localidade basco-francesa, normalmente considerada como ponto de partida do Caminho Francês, por ali confluírem 3 das 4 vias do Caminho de Santiago em França, até Fisterra ou Finisterra, a ocidente de Compostela, o km 0 do Caminho de Santiago! 30 a 35 dias é o tempo estimado para a realização desta travessia, que será feita de seguida.
Como já referi, escolhemos o Caminho Francês por ser o mais famoso e carismático, mas também por razões culturais e históricas, pela sua beleza paisagística e cultural e ainda por ser um dos mais antigos Caminhos para Santiago de Compostela. Com base em alguns relatos que tivemos oportunidade de ler, constatámos que existe uma certa magia, misticismo e até algum esoterismo ligados a este Caminho, aspectos que também nos cativaram de certa forma.
Se lhe disser que estamos a planear esta travessia há cerca de 2 anos, não estou a exagerar, pelo que por aqui se poderá, desde já, concluir a quantidade de factores que é preciso ter em conta na preparação de uma actividade desta natureza. Não é por caso que se diz que o nosso Caminho começa no preciso momento em que decidimos fazê-lo! Um dos principais factores é a predisposição física e mental que, como quase tudo nesta vida, também se aprende e treina. A escolha do equipamento, do vestuário, do calçado (muito importante!), da época do ano, a planificação das etapas, o conhecimento prévio do perfil das etapas (altitudes, tipo de relevo, desníveis, etc.), aspectos financeiros (é aconselhável ir fazendo algumas economias), aspectos médicos (realizar um check up médico antes da actividade), a alimentação e, acima de tudo, ter a perfeita consciência quer dos nossos limites físicos, quer mentais. Ter algum conhecimento e prática de caminhadas ajudará bastante.
Primeiro que tudo é preciso gostar daquilo que se faz e nós adoramos aquilo que fazemos! Eu pratico pedestrianismo, – o desporto dos que andam a pé –, há 11 anos! Quando se gosta é só uma questão de ir ultrapassando patamares e objectivos, descobrir e conhecer! Haverá melhor motivação para um caminheiro ou para um montanheiro do que saber que existem determinados locais que só conseguem ser alcançados a pé, andando, subindo, descendo ou escalando? Nas longas caminhadas como é o caso do Caminho de Santiago, devem ser definidos previamente objectivos e estes devem ser encarados de forma gradual e progressiva: ninguém pode jamais ambicionar subir a montanha do Pico nos Açores, sem antes ter subido, por exemplo, a Serra de S. Miguel no concelho de Nisa!
O conselho que deixo e por certo que os meus companheiros partilharão também da mesma opinião, é o do que ninguém deve empreender um percurso como o de Santiago, sem que antes tenha feito outros percursos, outras caminhadas, outros passeios. Como muito bem diz o adágio popular “o hábito faz o monge”, pelo que será sempre de bom senso, subir degrau a degrau, abrir uma porta de cada vez! Ninguém aprende a ler ou a escrever, sem antes aprender a falar, são as leis naturais da vida que, no fundo, se reflectem em quase tudo no nosso dia a dia.
O decorrer da viagem será contado em http://campusstellae1.blogspot .com/. Um “diário de bordo” que será actualizado à medida que, ao longo do percurso, os caminheiros tiverem acesso à internet. Para já é ali que se podem encontrar os detalhes afectos ao planeamento desta aventura.
Teresa Melato
Entrevista publicada no Jornal de Nisa, Nº 9, II Série, 29/01/2010
Olá colegas, boa viagem!
ResponderEliminarQue tudo corra bem!
Vou ficar atenta aos vossos progressos através do blog.
Fiquem bem.
Bjs
Cristina
Olà?Viva o meu sobrinho,e o resto da rapaziada da minha terra.Sinto orgulho no que estao fazendo.E realmento uma maravilhosa aventura.
ResponderEliminarmomentos de muita emoçao.
Coragem a todos vos.Bjs especialmento para ti totocha.E forças a todos.Tia Jesus.