domingo, 31 de janeiro de 2010

Campus Stellae na comunicação social



CAMINHEIROS NISENSES AVENTURAM-SE
NOS CAMINHOS PARA SANTIAGO



Autocarro, comboio e… a partir de Saint-Jean-Pied-de-Port, nos Pirinéus franceses, será sempre a pé até Santiago. A partida de Nisa está marcada para 17 de Abril e, dois dias e muitos quilómetros depois, quatro caminheiros nisenses aventuram-se no caminho francês para Santiago de Compostela.
Sérgio Cebola, um dos mentores desta aventura, deu-nos a conhecer um pouco sobre o percurso, o planeamento, as motivações e, claro, os protagonistas que percorrerão a pé cerca de 800 quilómetros, ao longo de 30 a 35 dias.



Como surgiu a ideia de se aven­turarem nesta caminhada?

Ficámos de tal maneira realizados com o Caminho Português do Inte­rior, que fizemos em 2007, a partir de Nisa, que, volvido pouco tempo so­bre a sua conclusão, começámos, na­turalmente, logo a planear uma nova travessia pelo Caminho do Apostolo Santiago Maior. Após algumas pes­quisas na internet e diversas leituras muito atentas de alguns testemunhos pessoais, decidimos que a nossa pró­xima grande aventura teria que ser a travessia daquele que é unanimemen­te considerado como o mais famoso e carismático de todos os Caminhos de Santiago: O Caminho Real Francês!

Quem são as pessoas que se pro­põem a fazer esta caminhada até Santiago de Compostela?

Os bem aventurados, se me é per­mitida a expressão, que se propõem realizar tão arrojado desafio, para além de mim, são o António Pim­pão que tem 43 anos e é Coordena­dor Técnico no Município de Nisa, o Rosalino Castro, tem 50 anos, é funcionário da EDP, actualmente em funções na Barragem do Fratel e finalmente o António Delfino, 51 anos, pintor auto aposentado, natu­ral de Nisa mas residente em França, apesar de ser o mais velho em idade, é, contudo e se assim se pode dizer, o “benjamim da companhia” no que respeita a estas andanças de querer descobrir o mundo a pé! Em Agosto de 2009 contei-lhe as nossas aventuras no Caminho de Santiago e que nos estávamos a pre­parar para realizar o Caminho Real Francês em Abril de 2010, ficou entusiasmadíssimo com o projecto e tem andado a treinar-se no Indre-et-Loire, bem no centro de França, a preparar-se para o Caminho! Eu, o Pimpão e o António Delfino conhe­cemo-nos muito antes de praticarmos pedestrianismo, no caso do Castro foi durante uma caminhada, mais ou menos radical, que fizemos a Fátima, que o conhecemos, foi a primeira de muitas caminhadas para o Rosalino Castro!Uma palavra de apreço também para o nosso companheiro António de Almeida Valente que connosco trilhou o Caminho Português do In­terior para Santiago, desde o Teixoso.

Quando pretendem iniciar a via­gem e porquê a escolha dessa data?

Sairemos de Nisa no dia 17 de Abril de 2010, viajando de autocar­ro até Bayonne em França, seguindo depois de comboio até Saint-Jean-Pied-de-Port, nos Pirenéus franceses, onde, a 19 de Abril, iniciaremos a nossa travessia. Não há, por assim dizer, nenhuma data ideal, há quem aconselhe a Pri­mavera, o início do Verão ou do Ou­tono, mas a última decisão será sem­pre nossa! Por imperativos de agenda familiar e profissional, por ser uma época do ano em que imperam tem­peraturas mais amenas, por ser ano Xacobeo (quando o dia de Santiago, 25 de Julho, ocorre a um domingo), facto que confere ao Caminho uma outra mística, ponderados e somados todos estes “ingredientes”, optámos por realizar o Caminho entre Abril e Maio.

Que distâncias vão percorrer a pé e quanto tempo prevêem demo­rar, desde a partida até Santiago de Compostela?

Um dos aspectos que mais pesou em toda a planificação do Cami­nho, foi o facto de termos decidido fazê-lo em autonomia total, ou seja, sem qualquer apoio na rectaguarda, apenas mochila às costas com o es­tritamente indispensável! As etapas foram, ou melhor, ainda estão a ser planificadas em função de uma di­visão equilibrada da distância diária a percorrer, mas cima de tudo, em função da localização dos albergues, local de pernoita daqueles que reali­zam a pé, a cavalo ou de bicicleta, o Caminho de Santiago. A distância total a percorrer andará na ordem dos 800 km, desde Saint-Jean-Pied-de-Port, localidade basco-francesa, normalmente considerada como ponto de partida do Caminho Francês, por ali confluírem 3 das 4 vias do Caminho de Santiago em França, até Fisterra ou Finisterra, a ocidente de Compostela, o km 0 do Caminho de Santiago! 30 a 35 dias é o tempo estimado para a realização desta travessia, que será feita de se­guida.

Porquê a escolha do Caminho Francês (e não outro)? Qual a im­portância deste caminho?

Como já referi, escolhemos o Ca­minho Francês por ser o mais famoso e carismático, mas também por ra­zões culturais e históricas, pela sua beleza paisagística e cultural e ainda por ser um dos mais antigos Cami­nhos para Santiago de Compostela. Com base em alguns relatos que ti­vemos oportunidade de ler, consta­támos que existe uma certa magia, misticismo e até algum esoterismo ligados a este Caminho, aspectos que também nos cativaram de certa forma.

O que é necessário ter em con­ta quando se prepara uma viagem destas?

Se lhe disser que estamos a planear esta travessia há cerca de 2 anos, não estou a exagerar, pelo que por aqui se poderá, desde já, concluir a quantida­de de factores que é preciso ter em conta na preparação de uma activida­de desta natureza. Não é por caso que se diz que o nosso Caminho começa no preciso momento em que decidimos fazê-lo! Um dos principais factores é a predisposição física e mental que, como quase tudo nesta vida, também se aprende e treina. A escolha do equipamento, do vestuário, do cal­çado (muito importante!), da época do ano, a planificação das etapas, o conhecimento prévio do perfil das etapas (altitudes, tipo de relevo, desníveis, etc.), aspectos financeiros (é aconselhável ir fazendo algumas economias), aspectos médicos (reali­zar um check up médico antes da ac­tividade), a alimentação e, acima de tudo, ter a perfeita consciência quer dos nossos limites físicos, quer men­tais. Ter algum conhecimento e prá­tica de caminhadas ajudará bastante.

O que vos atrai e motiva a rea­lizarem este tipo de caminhadas (longas e que implicam um grande esforço físico e mental)?

Primeiro que tudo é preciso gostar daquilo que se faz e nós adoramos aquilo que fazemos! Eu pratico pe­destrianismo, – o desporto dos que andam a pé –, há 11 anos! Quando se gosta é só uma questão de ir ul­trapassando patamares e objectivos, descobrir e conhecer! Haverá melhor motivação para um caminheiro ou para um montanheiro do que saber que existem determinados locais que só conseguem ser alcançados a pé, andando, subindo, descendo ou esca­lando? Nas longas caminhadas como é o caso do Caminho de Santiago, devem ser definidos previamente ob­jectivos e estes devem ser encarados de forma gradual e progressiva: nin­guém pode jamais ambicionar subir a montanha do Pico nos Açores, sem antes ter subido, por exemplo, a Serra de S. Miguel no concelho de Nisa!

Que conselho deixaria a quem pretende seguir as vossas pisadas e empreender este (ou outro) per­curso a pé?

O conselho que deixo e por certo que os meus companheiros partilha­rão também da mesma opinião, é o do que ninguém deve empreender um percurso como o de Santiago, sem que antes tenha feito outros per­cursos, outras caminhadas, outros passeios. Como muito bem diz o adá­gio popular “o hábito faz o monge”, pelo que será sempre de bom senso, subir degrau a degrau, abrir uma por­ta de cada vez! Ninguém aprende a ler ou a escrever, sem antes aprender a falar, são as leis naturais da vida que, no fundo, se reflectem em quase tudo no nosso dia a dia.


O decorrer da viagem será conta­do em http://campusstellae1.blogspot .com/. Um “diário de bordo” que será actualizado à medida que, ao longo do percurso, os caminheiros tiverem acesso à internet. Para já é ali que se podem encontrar os detalhes afectos ao planeamento desta aventura.

Teresa Melato

Entrevista publicada no Jornal de Nisa, Nº 9, II Série, 29/01/2010

2 comentários:

  1. Olá colegas, boa viagem!
    Que tudo corra bem!
    Vou ficar atenta aos vossos progressos através do blog.
    Fiquem bem.
    Bjs
    Cristina

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  2. Olà?Viva o meu sobrinho,e o resto da rapaziada da minha terra.Sinto orgulho no que estao fazendo.E realmento uma maravilhosa aventura.
    momentos de muita emoçao.
    Coragem a todos vos.Bjs especialmento para ti totocha.E forças a todos.Tia Jesus.

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