Não queria,
antes de iniciar o relato da minha caminhada de Sevilha a Salamanca, deixar de referir
que a planificação é necessária, não demasiado exaustiva, mas com alguma
fiabilidade, principalmente quando se caminha em solitário, tal como eu
caminhei! Reconhecer
que há imprevistos para os quais devemos ir precavidos e que vão contra
qualquer planeamento, sejam de índole climatérica, física, geográfica ou outra.
Prólogo
Com destino a
Badajoz, saí de carro, de Nisa, transportado por 2 amigos, o Caixinhas e o
Pinto, sábado às 6 da manhã de 30 de Março de 2013, véspera de Páscoa. Chegámos
às 07H30, quer dizer 08H30 tendo já em conta a diferença horária.
A espera para o
autocarro até Sevilha foi curta, o bilhete tinha sido adquirido uns dias antes,
pelo que, efectuadas as despedidas da praxe do meu “motorista” e “guarda-costas”,
a saída do terminal rodoviário em autocarro rumo a Sevilha deu-se pelas 09H00, tal como previsto.
A viagem de
autocarro permitiu-me ter um primeiro contacto com uma Estremadura espanhola,
para mim incógnita e misteriosa e que há muito ambicionava conhecer, descobri-la
a pé iria ainda ser mais enriquecedor sem dúvida…
A viagem deu-me
a conhecer algumas povoações pequenas ao longo da minha ida para sul, a paragem
em quase todas as estações foi secante confesso, a chegada a Sevilha aconteceu
pelas 11H30 ao terminal da “Plaza de Armas”. Na minha planificação tinha
visualizado imagens sobre o itinerário até à catedral, pelo que num ápice cheguei
ao início do Caminho, estranhando logo o número anormal de pessoas que ia
encontrando à medida que avançava.
Na capital da
Andaluzia visitei a catedral, aproveitando para colocar o 1º carimbo na credencial
tal como planeara, dei uma volta completa pelo seu exterior, filas e filas de
pessoas para entrar, eu a pensar que só no dia seguinte iria haver
engarrafamento humano por ser dia de Páscoa e afinal…
Dei outra volta
procurando uma saída, neste caso, entrada e deparo-me com uma, lateral, onde
uma simpática jovem parecia dar informações a quem se lhe dirigia, tentei a
minha sorte, identifiquei-me como peregrino, mostrei a credencial, disse-me
primeiro que não, não podia fazer nada, insisti, pedi que falasse com algum
superior, assim fez, e do interior alguém me fez sinal para entrar, a jovem
quase me leva pelo braço pela porta lateral, atravessando de ponta a ponta toda
a catedral, até à entrada principal onde simpaticamente, sou colocado no inicio
da fila e me carimbam a credencial, sempre na companhia da jovem que me serviu
de cicerone, depois fiz, acompanhado, o caminho de regresso até à porta por
onde tinha entrado, não sem primeiro tirar algumas fotos no interior. Despedi-me,
eternamente grato pelo primeiro sinal positivo que recebia…
Etapa 1 (Sevilha – Castillo Blanco do los Arroyos,
40 km)
Dado a considerável distância desta etapa, decidi aproveitar a tarde do dia de chegada a Sevilha e
adiantar-me, saindo, naquela que seria uma jornada curta, em jeito
de prólogo, até Santiponce, num percurso de 10 km, deixando os restantes 30,7
km, entre Santiponce e Castillo Blanco de los Arroyos para o dia seguinte!
Dia 30 de Março de 2013 (de tarde)
a) Sevilha – Santiponce (10 km)
…Tentei então
não perder muito tempo e dirigi-me à “Puerta de la Assunción”, procurando no
chão a vieira que simboliza o inicio da “Via de la Plata”, tirada a foto da
praxe, iniciei a minha demanda rumo a Santiago eram exactamente 12H30 certinhas,
seguindo pelas ruas Garcia de Vinuesa, Jimios, Zaragoza sempre com a ponte
sobre o Gualdiquivir como referência, rapidamente, depois de mais uma vez me
ver perdido no meio de uma multidão, consegui passar a ponte e após algum tempo,
chegar junto ao local onde simbolicamente, ao lado de umas escadas que temos
que transpor, pintaram, num muro, a Catedral de Santiago, existindo também aí
um pórtico que dizem dista 1000 kms de Santiago de Compostela.
Daí segui pela
berma da estrada dado que no caminho habitual, na via pedonal tinham colocado uma
grade impedindo a passagem, o que obrigou a este desvio e retomar o caminho
mais á frente. Ultrapassado este
contratempo, dirigi-me então, junto à margem do rio, por um caminho, se é que
se pode chamar caminho a uma faixa lavrada em barro endurecido e em que dei
graças por não estar de chuva.A etapa seria
somente de 10 kms até Santiponce onde se situa o conjunto arqueológico de
Italica, ruínas e anfiteatro desta antiga cidade romana. Aí chegado parei no
primeiro bar que encontrei, de nome “Bodeguita Reys” eram 14H30 e aproveitei
para matar a fome com um “montadito de lomo com roquefort” umas ”aceitonas” e
duas belas e retemperadoras “canhas”, depois de um relax merecido procurei o
hotel Cidade Romana de Itálica (de 3*) onde tinha reserva, 40 euros, puxa,
carito, mas enfim ou isso ou dormir na rua, um belo quarto com tv esperava por
mim, arrumei a mochila, tomei um banhinho e fiquei por ali a xonar até me
decidir sair de novo e explorar a saída para o dia seguinte, nas redondezas
procurei um local para jantar mais tarde, passei junto às ruinas e tive uma
perspetiva da coisa, comprei o pequeno-almoço e algo para comer no dia
seguinte.
Depois de deixar
no quarto as compras, desci e jantei na Casa Venâncio, dois bifes de frango com
salada de alface e tomate, 1 coca - cola e café, por 10,90€, achei exagerado,
mas enfim, saí dei uma volta a fazer tempo, regressei ao quarto e vi televisão
até adormecer. Retive desta
tarde do primeiro dia a confusão de pessoas em Sevilha e o caos para conseguir
carimbar a credencial…
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