Etapa 4
Dia 3 de Abril de 2013 (4ª feira)
Monesterio – Fuente de Cantos - Puebla de Sancho Pérez – Zafra (41,6 km)
Dia 3 de Abril de 2013 (4ª feira)
Monesterio – Fuente de Cantos - Puebla de Sancho Pérez – Zafra (41,6 km)
Daqui a Santiago
de Compostela distam 831 quilómetros, esta etapa era a segunda maior da minha
programação, daí que tenha saído de Monesterio ainda de noite com o Patrick,
peregrino alemão, companheiro de quarto no albergue, tive que ligar o frontal,
à nossa frente iam três pessoas, que fiz questão de tentar não perder de vista
devido ao facto de estar avisado pelas conversas na net com o António do
albergue de El Zaguan de la Plata em relação ao facto de ter de contornar o “arroyo
Bodion” pela estrada e queria ter a certeza de que não seguiriam por lá.
O caminho em muitas
partes estava completamente alagado, foi tentar sempre seguir por onde melhor
desse, o Patrick decidiu parar e mandou-me prosseguir, deixei-o um pouco
relutante, foi a ultima vez que me cruzei com ele, segui no encalce dos outros
peregrinos da dianteira que alcancei sem nunca me juntar a eles, a determinado
momento comecei a avistar Fuente de Cantos lá longe ainda distante, a 11 km.
Os companheiros
da dianteira informam-me por gestos do desvio pela estrada, que martírio
caminhar por estrada com a povoação á vista e a chover, ultrapassei-os mesmo á
entrada da povoação, ficariam por ali, eu, bem, eu fui visitar o António do
albergue Zaguan de la Plata, que me prestara ótimas informações e a quem fui
agradecer pessoalmente a preciosa ajuda, deixando um galhardete de Nisa,
carimbei a credencial e fui comprar comida que devorei no alpendre do que me
pareceu ser o centro de saúde junto á igreja, por estar a chover com alguma
intensidade, demorei mais um pouco, arrumei bem as coisas na mochila, ajustei o
casaco, abri o guarda-chuva e segui viagem.
Tomei um caminho
amplo de terra batida e plano com a estrada á vista pelo lado direito até
chegar a Calzadilla de los Barros, que transpus sem parar seguindo as setas
amarelas, muita água, lembrei-me do aviso do António para fugir ao rio Atarja, decidi
não arriscar e segui de novo pela N-630, sem as amigas setas amarelas durante
muitos quilómetros, a tendinite começou a incomodar-me, não hesito, tomo dois
comprimidos para as dores e sigo, ao chegar a uma bomba de gasolina abandonada
junto á estrada parou um carro que me elucida sobre a distância a ainda a
percorrer e me diz que não estou no caminho certo, ignoro e mantenho-me alerta
até atingir um cruzamento de estrada e confluência de um caminho em terra
batida, fico ali na dúvida sobre o rumo a seguir, consulto o gps do telemóvel e
vejo que a direção é a certa, para um carro com uma simpática senhora que me
põe na rota correta rumo a Puebla de Sancho Pérez, tinha já andado mais alguns quilómetros
e já com a povoação á vista caiu uma caqueirada de água que juntamente com o
telefonema de casa me acompanharam até chegar ás imediações das primeiras
casas, ao chegar vislumbro um café, o bar a perdiz e decido parar, tinha sido
uma grande jornada, estava com uma fome de arromba, peço algo para comer, hora
de la siesta diz-me o empregado, no hay nadica, solo unas tapas, olho e digo
para me servir todas as que se encontravam na vitrine, peixe frito, salsichas, bacon,
batatas fritas, que devorei num ápice juntamente com uma, não, duas cervejas e
um belo café para rebater, foi uma das refeições que me deu mais prazer comer,
até Zafra dizem-me são mais 4 km.
Meto a mochila
as costas e faço-me à vida debaixo de mais uma chuvada até chegar à estação de
comboio de Zafra que ultrapasso seguindo pela avenida, atingindo o recém aberto
albergue da Associação dos Amigos do Caminho de Zafra, no nº 17, eram 16H30,
onde fiquei soberbamente instalado e onde apenas havia três peregrinos, jantei
no albergue juntamente com o Antonio Mateo e um ótimo pintor de cujo o nome já
não me recordo e que ofertou para o
albergue alguns quadros por si pintados, após a tradicional compra de
mantimentos, lavagem de roupa e arrumação da mochila, o António verificando o
meu problema físico convidou-me a permanecer por ali mais um dia ou dois o que
recusei amavelmente, escolhi a cama junto ao ponto de internet onde estive até
altas horas a conviver com os amigos que ainda não tinha tido oportunidade de
contactar, cansado larguei o computador , caí na cama e adormeci profundamente.
Desta etapa
destaco o largo número de quilómetros que palmilhei por estrada devido ao facto
de ter que evitar as inúmeras linhas de água.
Texto e fotos: António Pimpão
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