Etapa 11
Dia 10 de Abril de 2013 (4ª feira)
Carcaboso – Cáparra - Aldeanueva del Camino (38,6 km)
Dia 10 de Abril de 2013 (4ª feira)
Carcaboso – Cáparra - Aldeanueva del Camino (38,6 km)
Tal como já tinha referido, esta etapa não tem
povoações intermédias nem pontos de apoio, pelo que a dividi em duas fases: até
ao Arco de Cáparra e depois do Arco de Cáparra. Abandonei o albergue
depois de um pequeno almoço reforçado e saí de Carcaboso às sete horas da manhã em ponto, de véspera a
Dona Helena tinha-me recomendado que a partir de um certo ponto não seguisse as
setas, não segui o seu conselho e fui dar a um cruzamento onde a inexistência
de sinalização me fez andar à nora, retomado o rumo certo e depois de algum
tempo a abrir e a fechar cancelas de cercas
com vacas, fui dar a uma estrada que atravessei e entrei em trilhos de pé
posto, reencontrando os meus três amigos da véspera, na companhia de uma vara
de porcos que os seguiam vereda adiante, por entre o caminho enlameado e
repleto de água das chuvas abundantes que tinham caído.
Seguimos a
partir daí juntos até entrarmos triunfalmente no Arco de Cáparra, nas ruínas
romanas da cidade com o mesmo nome, parámos mesmo junto ao arco, onde os meus
companheiros decidiram comer a merenda que levavam, eu decidi ir ao Centro de
Interpretação localizado a umas três ou quatro centenas de metros do caminho,
fui simpaticamente bem recebido e agora me lembro que nem pedi para me
carimbarem a credencial, grande lapso, bom havia lá umas máquinas de bebida e
café, felizmente levava moedas, tomei uma bebida refrescante que juntamente com
a minha comida soube a pouco e ainda deu para partilhar com a pessoa que se
encontrava ali de serviço e que decidiu retribuir-me pagando-me um café e com
quem brinquei que depois disso iria ter muitas visitas de portugueses quando
soubessem que ali
Foi uma etapa
muito molhada, não em termos de chuva, mas devido ao facto de decorrer em
campos de pastagens de vacas, passagem a vau de vários ribeiros e no final
muito alcatrão até ao destino final, pelo meio ainda cruzámos com a carrinha de
um Hotel das imediações que se predispõe a ir buscar ao caminho quem por
programação de etapa decide pernoitar por ali, inclui o serviço a reposição do
pessoal no local no dia seguinte, assim seguimos sempre a bater o pé na estrada
e atravessando a N-630 por uma passagem subterrânea, chegámos às 16h15 e após
mais 40 km palmilhados, a Aldeanueva del Camino, aí tivemos um pequeno percalço,
a porta do andar superior do albergue estava fechada e tive que procurar pela
aldeia o hospitaleiro, que, depois de detetado me garantiu que estava aberta,
voltei de novo ao albergue e quando cheguei os meus companheiros já estavam a
instalar-se mas diziam eles que água quente não havia, as instalações também
deixavam um bocado a desejar, na verdade eu que até nem sou de grandes
esquisitices, fiquei um bocado apreensivo, até porque tinha referencias de
alguns “ bichos” por ali, na minha procura pelo hospitaleiro tinha dado com um
novo albergue, aberto recentemente e nem pensei duas vezes peguei na trouxa e
mosquei-me ligeiro, seguido de pronto pelo francês Cristian e pelo espanhol de
Barcelona José, o alemão Tomas decidiu-se a ficar e iria descobrir no final do
dia seguinte que não tinha tomado a melhor opção, ficámos os três no mesmo
quarto, com casa de banho e chuveiro incluído, pagámos 15 euros, o albergue
chama-se “La casa de mi abuela” e passam recibo, eheheh.
Neste albergue
encontrei pouco depois, o primeiro português do caminho de quem já tinha ouvido
falar mas com quem ainda não me tinha cruzado, não retive o seu nome, apenas
fiquei a saber que é de Castelo Branco, embora não viva lá, pela manhã saí mais
cedo que ele e nunca mais o vi, tive o cuidado de lhe deixar o meu contato e
pedi à hospitaleira que lho entregasse, mas nunca mais lhe apanhei o rasto.
Bom, depois de
instalados fui juntamente com o Cristian fazer compras para o caminho do dia
seguinte e para o jantar, dado que decidimos ficar a jantar no albergue que
tinha ótimas condições para, o que fizemos e que belo repasto eu tive com o
Cristian, vimos um pouco de televisão, bebemos um chazinho e fomos algum tempo
depois ver do vale dos lençóis, dormi bem que eu sei lá, das melhores noites
desde que saíra de Sevilha.
Avizinhava-se um
novo dia e o Cristian decidira que a partir daqui seguiria comigo até
Fuenterroble de Salvatierra. Até Fuenterroble de Salvatierra, teríamos para
palmilhar 42 km, com passagem pelas localidades de Hervás, Baños de Montemayor,
Puerto de Béjar, La Calzada de Béjar e Valverde de Valedelacasa! Que Santiago e
todos os druidas do Caminho continuem connosco!
Texto e fotos: António Pimpão
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