Uma noite mal dormida, agitada, com sonhos à mistura e com as picadas a provocarem algum desconforto durante a noite! Mochilas arrumadas, pequeno-almoço tomado, às 07h45 abandonámos o Refugio de O Freixo, deixámos as chaves na caixa de correio (já começava a ser um hábito...). Foi pouco mais de 1 hora, sempre a descer, até à enorme cidade de Vigo! Logo na entrada perguntámos pelo hospital mais perto a pé, um senhor muito simpático e muito prestável deu-nos as instruções necessárias para o "ambulatório" mais próximo! Teríamos que continuar pela Avenida da Florida e antes do Bingo teríamos que virar à esquerda, aí iríamos apanhar um caminho estreito mas que nos levaria mais rapidamente ao nosso destino! E assim foi! Dirigi-me à recepção e fui prontamente atendido, esperei cerca de 15 minutos e fui de imediato visto por uma simpática médica dermatologista! Disse-me que não era psoríase e explicou-me porquê, confirmou-me que o mais provável era ser mesmo picadas de insectos ou (mas menos provável) uma alergia de contacto com algum tipo de vegetação. Disse-me que teria que me "pinchar" e para abrir a pestana uma enfermeira "pinchou-me" com uma injecção de cada lado! Foram-me receitados comprimidos de cortizona de 30 mg com uma prescrição para seguir à risca e que deveria continuar a tomar os comprimidos anti-histamínicos e por pomada nas manchas maiores! Foi-me também passada uma 2ª receita, caso não melhorasse com a cortisona. A médica também me disse que poderia continuar a caminhar, embora pudesse sentir mais sonolência, resultado do tratamento! Escusado será dizer que fiquei naturalmente mais aliviado e mais tranquilo! Pus o amigo António Ramos (que entretanto aproveitara para tomar o pequeno-almoço) a par da situação, fui comprar os comprimidos numa farmácia perto do hospital, tomei o pequeno-almoço, para forrar o estômago antes de tomar qualquer químico! Retomámos o Caminho junto ao Estádio dos Balaídos às 11h00 da manhã! Graças ao guia que fiz com as excelentes informações do Luís Freixo, não foi nada complicado continuar em direcção a Redondela. Passámos a ponte sobre o rio Lagares e continuamos sempre ao lado do rio até ao Parque dos Castrelos, aqui estava a decorrer uma corrida de cães muito animada. Algum tempo depois chegámos ao animado e muito concorrido Bairro do Calvário, parámos na igreja da Imaculada Conceição, carimbámos a credencial e o pároco disse-nos que tínhamos 12 km até Redondela. Até ao nosso destino final de jornada seguimos pelo magnifico caminho da Traída da Águas que nos levou praticamente até às imediações de Redondela. Às 15h00 e cerca de 23 km depois, regista-mo-nos no albergue público (6,00 euros) e fomos almoçar menu do peregrino (com caldo galego) num restaurante que ficava no Caminho Central, de onde começaram a surgir muitos pereginos, com seria de esperar, mal se chegasse a Redondela. Soube através de mensagem que os nossos amigos Carrasco e Ivone tinham chegado bem a Vigo, às 16h30, aconselhei-os anão se fazerem ao Caminho, pela hora tardia e porque já teriam poucas horas de luz e, mesmo pela estrada nacional, ainda seria um esticão, mandava o bom senso que viessem de autocarro, nos dias seguintes iriam concerteza "matar" a "fome" de caminhar! Chegaram por volta das 17h30, o António Ramos acabou por encontrá-los a caminho do albergue! Após as saudações e de termos colocado alguma conversa em dia, os nossos amigos instalaram-se, fomos dar um passeio pela cidade e tomar umas "canhas" numa esplanada convidativa! Mais tarde desfrutámos de um verdadeiro jantar peregrino na muito modesta cozinha do albergue, presunto, fiambre, enchidos, pão e fruta, que eu e o Ramos comprámos de tarde, ao que juntámos o néctar dos Deuses tinto "Terras de Nisa" e um queijo de Nisa também! Como a Ivone é vegetariana comeu uma sandes de atum que comprara na viagem, provou também o queijo, a fruta e, claro, o tinto dos Deuses! Durante o jantar tivemos a companhia de um peregrino muito simpático, o alemão Wolfgang, que falava um pouco português graças a uns amigos de Moçambique. Começara o Caminho em Lisboa e falou-nos muito bem da hospitalidade portuguesa! Partilhámos com ele as nossas iguarias e ele ofereceu-nos chocolate, o Caminho no seu melhor! Desta etapa ficam 2 notas de rodapé: a chegada dos nossos amigos e o fim do Caminho da Costa! A partir daqui seria Caminho Central, Salnês e Central!
Fotos 4, 6 e 7, de Ivone Santos
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