terça-feira, 15 de maio de 2012

Caminho de Fisterra: Dia 1 (25 de Abril: Santiago - Negreira)


Às 08h00 da manhã junto à porta dos nossos "aposentos" em Santiago, deu-se a segunda fracção no grupo, após a partida do amigo Manuel Correia. Comigo ficava o Pimpão! Juntos continuaríamos a travessia até ao fim da terra! Os outros também, mas de pópó! Eh!Eh!Eh! Depois de posarmos para a fotografia, começamos a caminhar calmamente em direcção à Praça do Obradoiro em busca das setas que nos levariam até à Costa da Morte! A chuva começou por ameaçar de novo, mas acabou por estar uma manhã muito aprazível para caminhar! Tínhamos pela frente 21, 2 km até Negreira! O ritmo foi muito rápido, fruto de caminharmos apenas 2! Parámos às 12h00 para almoçarmos em Ponte Maceira no restaurante com o mesmo nome, precisamente antes da ponte! Vinho Alvarinho, morcilla de arroz com ovos estrelados e batata frita! Os cafés foram oferta da casa! Bebemos um chupito caseiro, o melhor de toda a Espanha! Tirámos algumas fotos na ponte sobre o rebelde rio Tambre! Retomámos a marcha para completarmos os derradeiros 3,5 km até ao albergue municipal de Negreira! Eram, precisamente, 14h00 quando nos registámos no albergue! Ainda havia poucos peregrinos e desde Santiago apenas havíamos passado por 5 ou 6. O que é verdade é que durante a tarde chegaram muitos peregrinos! Após o banho e uma pausa para merecido descanso descemos até Negreira para comprar o jantar e o pequeno-almoço da manhã seguinte. Tivemos que aguardar um pouco à porta do supermercado, pois a chuva irrompera de novo e com particular violência, muito por culpa do forte vento que a fustigava com força! Bebemos 2 "canhas" no bar da Casa da Cultura de Negreira! Mais tarde, já na cozinha do albergue, desfrutámos de um jantar composto por canja de galinha e uma salada fria, um pouco de morcilla do almoço, maçã, café (saquetas que tinha na mochila) e chupito que comprámos no bar durante a tarde. Conhecemos um simpático peregrino irlandês que tinha feito a Via da Prata! Ao albergue tinha chegado também (já tardiamente) um curioso peregrino checo que trazia quase a casa às costas (costumava bivacar...), mas como a noite não estava muito convidativa a bivaques resolvera ficar no albergue! Já nos tínhamos cruzado com ele pouco depois de Santiago. Enquanto escrevia estas palavras, encontrava-se ao meu lado, na cozinha do albergue, uma peregrina coreana a escrever uns postais, tinha feito o Caminho Francês desde SJPP e decidira também continuar até Fisterra! Recordei-me do que lera sobre a tradição jacobeia de Fisterra e Múxia, no romance "A Alma das Pedras" de Paloma Sánchez-Garnica! Não pude deixar de sentir um pouco da magia que envolvia todos aqueles ancestrais rituais, à medida que nos aproximávamos da costa! Não era a primeira vez, mas para mim era como se fosse sempre a primeira vez! 

Fotos (autoria): António Delfino e António Pimpão

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